Os países integrantes do Brics estão acelerando a implementação do “Brics Pay”, sistema de pagamentos que promete reduzir a dependência do dólar nas transações entre eles, revolucionando o comércio internacional. A novidade tem lançamento previsto para o final de 2025.
Também chamada de “Pix Global”, a solução de pagamentos objetiva tornar as transferências internacionais mais seguras e transparentes, além de menos complexas. A plataforma se destaca, ainda, pelos custos reduzidos e a velocidade nas transações, o que levou a comparações com a tecnologia lançada pelo Banco Central do Brasil em 2020.
O que é como funciona o Brics Pay?
Desenvolvida em conjunto pelos membros do bloco, a iniciativa é baseada em um sistema descentralizado de mensagens fronteiriças (DCMS) criado pela Universidade Estatal de São Petersburgo (Rússia). A plataforma oferece transações rápidas e seguras, com diferentes protocolos de criptografia.
- O “Pix do Brics”, outro nome pelo qual o sistema é chamado, opera de maneira independente de um controlador central, diferente do sistema SWIFT, associado a grandes bancos;
- Tecnologias como blockchain, carteiras digitais e QR Code vão integrar o mecanismo, assim como canais de comunicações entre as autoridades monetárias dos países envolvidos, agilizando as operações;
- Além do Pix, a solução vai reunir o sistema de pagamento SBP da Rússia, usado por mais de 200 instituições e que realiza transferências a partir de números de telefone;
- O sistema IBPS da China, com transações em yuan por múltiplos canais, e o UPI da Índia, interface em uso desde 2010, também farão parte.
Com a união desses mecanismos, o Brics Pay se tornará uma plataforma para transações entre os participantes do bloco com liquidação direta nas moedas de cada país, sem a dependência do dólar e do euro como intermediários. Assim, a novidade pode diminuir custos e a exposição a sanções financeiras internacionais.
Na prática, um brasileiro em viagem a um dos países do Brics conseguirá usar os meios de pagamentos com os quais está acostumado, via QR Code, sem depender de outras soluções. O mesmo acontecerá com viajantes dessas nacionalidades durante a passagem pelo Brasil.
Planos para 2030
No momento, Rússia e China são os países mais avançados nos testes do Pix Global. O Brasil também tem demonstrado interesse em utilizar a tecnologia nas operações envolvendo exportações agrícolas e de energia para os parceiros do Brics, mas ainda é preciso superar alguns desafios para que isso aconteça.
Quando começar a operar de maneira mais ampla, o que pode acontecer ainda em 2025, a depender de uma série de fatores, o mecanismo também deverá contar com a participação de mais países recém-incluídos ao bloco. Entre eles estão Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Indonésia.
A meta do grupo é que o Brics Pay movimente o equivalente a centenas de bilhões de dólares por ano, em 2030, mas sem envolver a moeda americana. Com isso, a plataforma se tornaria o principal canal de transações comerciais entre os países emergentes, como preveem especialistas.
Mas para alcançar esse feito, o bloco terá que lidar com as pressões de países que não integram o grupo e tratam a iniciativa como uma ameaça. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já se manifestou contra projetos do tipo, inclusive ameaçando aumentar as tarifas sobre as importações dos integrantes.