O Brasil entregou oficialmente a presidência do BRICS à Índia nesta sexta-feira, durante o encerramento da 4ª Reunião de Sherpas do grupo, realizada em Brasília, e apresentou um balanço dos principais resultados alcançados durante seu mandato em 2025.
O encontro, que começou quinta-feira, reuniu representantes dos onze países membros para analisar o progresso do bloco em um ano marcado pela expansão e pelos desafios ao multilateralismo.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, enfatizou que a presidência brasileira demonstrou a crescente maturidade do BRICS e sua capacidade de atuar além das esferas tradicionais de coordenação política e financeira. “Foi um esforço de todo o governo. Nossa cooperação se expandiu e hoje está produzindo resultados concretos”, afirmou.
Vieira ressaltou que, nesta nova fase do grupo ampliado, é essencial que as iniciativas tenham impacto direto na vida das pessoas. “As principais questões internacionais continuarão sendo centrais, mas nossas sociedades esperam benefícios tangíveis. O BRICS deve ser visto não apenas como um fórum de diálogo, mas como uma plataforma que gera melhorias reais para nossos povos”, afirmou.
O sherpa brasileiro, o diplomata Mauricio Lyrio, declarou que o Brasil cumpriu plenamente seus objetivos, mesmo em um contexto global marcado pela desconfiança e pela pressão sobre o multilateralismo. “O momento internacional foi desafiador, mas isso reforçou a centralidade do BRICS como um espaço para diálogo e construção de pontes”, observou.
Lyrio lembrou que essa visão se refletiu na Declaração Final dos Líderes, que condenou os conflitos, defendeu uma governança global mais inclusiva e reiterou a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU. “Nossa coordenação foi uma reafirmação do nosso compromisso com um multilateralismo mais equilibrado, representativo e cooperativo”, declarou.
Durante a reunião, o Brasil apresentou os resultados de suas seis prioridades para 2025: Cooperação Global em Saúde; Mudanças Climáticas; Comércio, Investimento e Finanças; Arquitetura Multilateral para a Paz e a Segurança; Governança da Inteligência Artificial; e Desenvolvimento Institucional.
Dentro dessas áreas, os líderes aprovaram três documentos considerados marcos da presidência brasileira: a Declaração sobre Governança Global da Inteligência Artificial, que propõe um acesso mais equitativo às tecnologias emergentes; a Declaração-Quadro sobre Financiamento Climático, que defende a reforma dos bancos multilaterais para fornecer apoio mais justo aos países vulneráveis à crise climática; e a parceria do BRICS para a eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, com o objetivo de fortalecer os sistemas de saúde no Sul Global.
A vice-sherpa do Brasil, Paula Barboza, enfatizou que o país está concluindo um ano marcado por inclusão, representatividade e progressos concretos. “Além dos desafios, estamos vivenciando grandes oportunidades para consolidar o BRICS como uma verdadeira voz do Sul Global”, afirmou.
O relatório apresentado resumiu a magnitude do trabalho realizado: 220 videoconferências, 62 reuniões técnicas, 21 reuniões ministeriais, quatro encontros de sherpas e duas cúpulas – uma presencial no Rio de Janeiro e a outra virtual.
Ao assumir a presidência, o sherpa indiano Sudhakar Dalela elogiou a liderança do Brasil, afirmando que o ano foi especialmente significativo por coincidir com a consolidação do BRICS ampliado. “A integração de novos parceiros exigiu um equilíbrio para preservar os princípios fundamentais do grupo, ao mesmo tempo que se adaptava às mudanças na governança global. A presidência brasileira foi exemplar”, afirmou.




































































