O Fórum Internacional de Astana (AIF) 2025 foi inaugurado hoje com uma cerimônia de alto nível que deu início a dois dias de diálogo estratégico e colaboração transfronteiriça. Realizado sob os auspícios do Presidente Kassym-Jomart Tokayev do Cazaquistão, o Fórum deste ano reúne líderes globais para abordar alguns dos desafios mais urgentes do mundo, sob o tema “Conectando Mentes, Moldando o Futuro”.
Em seu discurso de abertura, o Presidente Tokayev destacou a urgência de restaurar o multilateralismo em um mundo cada vez mais fragmentado:
“A ordem global do pós-guerra está se fragmentando. O protecionismo está em ascensão. O multilateralismo está enfraquecendo. Neste cenário de desordem emergente, a tarefa que temos pela frente é clara: preservar a cooperação onde ela ainda existe e restaurá-la onde foi rompida… É isso que buscamos fortemente no Cazaquistão: ‘Unidade na diversidade’.”
O Fórum contou com a participação de vários oradores de destaque, entre eles o Presidente de Ruanda, Paul Kagame; a Presidente da Macedônia do Norte, Gordana Siljanovska-Davkova; o Secretário-Geral do Conselho da Europa, Alain Berset; o Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu; e Ban Ki-moon, Presidente do Instituto Global para o Crescimento Verde e ex-Secretário-Geral da ONU. A sessão foi moderada por Julia Chatterley, âncora e correspondente da CNN International.
Ao refletir sobre o progresso do Cazaquistão, o Presidente Kagame afirmou:
“A prosperidade do Cazaquistão é reflexo de sua liderança, resiliência e de seu povo.”
A Presidente Siljanovska Davkova abordou formas de enfrentar as crises globais atuais, enfatizando que:
“Precisamos usar a sabedoria e a experiência coletiva para pensar rápido, ou ainda mais rápido, a fim de lidar com os desafios urgentes do nosso tempo.”
Alain Berset destacou os valores democráticos como centrais para a segurança global, afirmando:
“Estamos reunidos aqui… para discutir segurança, energia, clima e economia. Mas sejamos francos, nada disso será garantido se a democracia falhar.”
Ban Ki-moon elogiou o papel do Cazaquistão como articulador internacional:
“O tema deste ano reflete o tipo de liderança que precisamos hoje – colaborativa, voltada para o futuro e baseada na responsabilidade compartilhada.”
Qu Dongyu destacou o papel da Ásia Central e do Cazaquistão na segurança alimentar global:
“A Ásia Central está na encruzilhada geopolítica, econômica e climática,” disse ele, acrescentando:
“O território do Cazaquistão é de 2,8 milhões de quilômetros quadrados. Com gestão adequada, investimentos e novas tecnologias – o Cazaquistão pode facilmente alimentar 1 bilhão de pessoas no mundo.”
A programação contou com sessões práticas sobre mudanças climáticas, segurança energética e resolução de conflitos. Em entrevista com o jornalista Tony Barber, o ex-chanceler austríaco Sebastian Kurz saudou a crescente atenção dada à Ásia Central:
“A Europa está agora percebendo a necessidade de uma cooperação mais profunda com esta parte do mundo.”
Discussões com apoio da ONU foram um dos destaques do Fórum, com a organização atuando como parceira estratégica. As sessões marcaram os 80 anos da ONU e trataram de prioridades como o Pacto para o Futuro, migração e segurança hídrica. Um dos pontos altos foi a conversa entre Max Foster, da CNN, e Amy E. Pope, Diretora-Geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), sobre o papel da migração no desenvolvimento sustentável.
Ao final do primeiro dia, o AIF reafirmou sua missão de fortalecer o papel das potências médias, reafirmar o valor do multilateralismo e acelerar soluções globais práticas. O segundo dia continuará promovendo parcerias e diálogos com o objetivo de moldar um mundo mais estável, inclusivo e interconectado. Neste ano, 110 jornalistas de 60 veículos estrangeiros de 39 países estão cobrindo o fórum.