Recentemente, o deputado do PL de Sao Paulo, Gil Diniz, se pronunciou na Assembleia Legislativa do estado para falar sobre acontecimentos históricos na Turquia,( da época do Império Otomano). Sua retórica foi baseada em um ataque contínuo da diáspora da Armênia com a interpretação dos trágicos eventos de 1915.
Fico triste com essas páginas da história. Em todo o mundo, na Armênia, na Turquia, no Azerbaijão, na Ucrânia, na África.
Meu objetivo não é entrar na história, pois até onde eu saiba, a Turquia sugeriu abrir todos os arquivos sem qualquer discriminação na pesquisa sobre os trágicos eventos da história da Turquia e da Armênia, a Armênia recusou.
Entendo que os paises Armênia e Turquia, não mantem relações amistosas, porém, recentemente eles começaram a trabalhar em uma agenda sobre uma possível reconciliação.
A guerra civil que aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, foi repugnante, muitos foram mortos e houve um grande sofrimento geral. Me solidarizo com todos, todos perderam.
No entanto, hoje, a agenda da paz no mundo é mais importante do que tentar usar as diásporas étnicas aqui no Brasil para ganhos políticos próprios.
As pessoas, principalmente os políticos, deveriam falar mais sobre a paz, sem rivalidade, sem revanchismo.
Acredito que o Brasil deveria apoiar essa agenda de reconciliação entre a Turquia e a Armênia também. A história pode ser julgada e escrita por historiadores, caso contrário, teríamos que redesenhar muitas fronteiras no mundo.E o caos e a guerra fariam parte do contexto atual.
Enfim, voltando ao PL, e a posição do deputado Gil Diniz, afirmo que a declaração dele sobre a Turquia não me surprende, afinal, suas ambições e escolhas políticas refletem os desejos de seu eleitorado e nada mais é do que uma manobra política que em nada ajuda a posição do Brasil a ser coerente e com uma visão positiva de futuro de paz.
Vivemos em democracia, a liberdade de expressão garante a ele o direito de falar, porém, diante de tantas mazelas e problemas socios culturais e economicos, no âmbito domestico,questiono o motivo do deputado do PL, optar por atacar outro país que nada tem a ver com os acontecimentos de 1915? Qual o motivo do ataque ao Azerbaijão? que é um país que enviou para a posse presidencial um representante do mais alto cargo de vice-primeiro-ministro da história? Em demonstração de respeito ao Brasil. Qual o motivo do ataque de Gil Diniz ao Azerbaijão?
Há 2 anos atrás, o presidente Lula , em seu twitter, disse que o conflito entre Azerbaijão e Armênia era triste, mas tinha que ser resolvido com base no direito internacional e nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Disputa política interna partidária usando outros países?
A propósito, desde 1993 o Brasil apoiou todas as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que exigiam a retirada imediata e total de todas as forças armadas da Armênia de um território soberano do Azerbaijão.
Colocar em dúvida a diplomacia objetiva do atual governo e sua postura perante o direito internacional nao é benefico para um pais continental como o nosso.
Provavelmente Gil Diniz esqueceu de consultar o Itamaraty ou de ler a verdade sobre o Azerbaijão. Talvez ele simplesmente não se importe, e queira transferir para a Assembleia de São Paulo assuntos de competência do Ministério de Relações Exteriores! A democracia permite, mas a ética e o conhecimento devem vir antes de tudo.
A verdade sobre o Azerbaijão é a seguinte :
O pais quer abrir um novo capítulo em suas relações com o Brasil. O Azerbaijão pode ser comercialmente interessante e a agenda bilateral é muito mais econômica, cultural e comercial do que discutir retóricas da diaspora da Armênia.
A agenda e as prioridades do governo do presidente Lula na economia, na indústria e na política externa são claras: paz, estabilidade, segurança e comércio.
O Azerbaijão tem uma sociedade secular, cultura rica, tradições antigas que remontam a mais de 3.000 anos atrás.
Durante a ocupação da Armenia , o Azerbaijão sofreu com extração ilegal de madeira, mineração ilegal e outras atividades . Sua flora e fauna foram devastadas. Seus 1 milhão de refugiados foram privados de suas terras, casase fazendas por 30 anos. É preciso ouvir os dois lados sempre em um conflito.
Bruxelas e a busca pela paz:
Diplomatas da Armênia e do Azerbaijão se reuniram em Bruxelas recentemente com o presidente da UE, Charles Michel, para discutir a paz, se encontraram tambem em Washington na semana passada com o secretário de Estado Blinken e em Moscou.
Todos os líderes internacionais falam sobre paz e cooperação entre a Armênia e o Azerbaijão. É hora de focar no que é bom para todo o Brasil, essas condutas revanchistas nao deveriam estar acontecendo em um país pacífico e tenho certeza que o novo governo do presidente Lula quer manter uma boa relação com todos.