Em acordo com a Embaixada dos Estados Unidos, o Itamaraty anunciou nesta quarta-feira (29) que será criado um grupo de trabalho com autoridades americanas para trocar informações e aprimorar a operacionalização de voos de retorno de brasileiros que entraram ilegalmente no país. A medida ocorre em meio as críticas do governo brasileiro sobre o uso de algemas em migrantes deportados.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o grupo tem por objetivo garantir “a segurança e o tratamento digno e respeitoso dos passageiros”. Além da criação do grupo, a embaixada e a pasta firmaram a criação imediata de uma linha direta de comunicação entre os membros do grupo para acompanhamento em tempo real dos futuros voos.
Na segunda-feira (27), o Itamaraty teve uma reunião com o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para discutir o caso dos brasileiros deportados. A decisão de chamar o representante da diplomacia norte-americana foi tomada pela secretária de Assuntos Consulares, embaixadora Márcia Loureiro.
No último dia 24, brasileiros deportados voltaram algemados ao Brasil. A situação gerou críticas por parte do governo brasileiro, que determinou a retirada das algemas. A medida fere acordo firmado entre os dois países que prevê o uso de algemas só em casos excepcionais.
Com a situação, uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) foi mobilizada para transportar os brasileiros e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, orientou que a PF (Polícia Federal) recepcionasse os brasileiros.
Apesar das novas políticas americanas, o voo com 88 brasileiros deportados não tem a ver com as recentes medidas anti-imigração do presidente Donald Trump. O R7 apurou com o Itamaraty que essa não é a primeira viagem do tipo deste ano — outro avião trouxe brasileiros deportados em 10 de janeiro, ainda no governo do ex-presidente Joe Biden. Brasil e EUA mantêm acordo de deportação desde 2017.
Governo vai instalar posto humanitário em BH para receber brasileiros deportados dos EUA
O governo federal vai instalar um posto de acolhimento humanitário no Aeroporto Internacional de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, para receber os brasileiros deportados dos Estados Unidos. A medida foi anunciada na terça-feira (28) pela ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por enquanto, não há previsão de novos voos, mas o Executivo trabalha com a hipótese de que as chegadas vão seguir ocorrendo nos próximos dias.
“Do ponto de vista do Ministério dos Direitos Humanos, conversamos com o presidente e fomos autorizados a iniciar as tratativas para estabelecer em Confins um posto de acolhimento humanitário, tendo em vista que poderemos ter mais voos previstos”, informou a ministra
Fonte: R7