Manaus, situada no coração da Amazônia, tornou-se um elo estratégico entre a natureza exuberante e a inovação industrial sustentável. Desde a criação da Zona Franca em 1967, a cidade tem sido um ponto de convergência para empresas chinesas que têm contribuído com tecnologia e inovação para o fortalecimento da economia verde local.
Após uma hora de carro do aeroporto até os limites da cidade, é possível avistar modernos parques industriais alinhados de forma ordenada. Em meio à vegetação abundante que molda o cenário urbano de Manaus, a fábrica da Gree se destaca à vista.
Dentro da unidade, as linhas de produção funcionam simultaneamente. Operários vestidos com uniformes azuis manuseiam com habilidade cada etapa do processo. Braços robóticos fabricados na China finalizam com precisão a montagem externa dos aparelhos de ar-condicionado, que saem da linha em perfeita ordem, prontos para levar frescor aos lares brasileiros.
Xu Yunxing, diretor do departamento de produção da Gree Brasil, explicou que a fábrica conta com seis linhas de montagem — quatro voltadas à produção residencial e duas para modelos comerciais leves — com capacidade anual de 2 milhões de unidades, colocando a empresa entre as líderes de mercado no país.
Pioneira entre as empresas chinesas no Brasil, a Gree entrou no mercado brasileiro em meados dos anos 1990 e iniciou suas operações em Manaus em 2001. Segundo a empresa, todos os aparelhos produzidos utilizam refrigerante ecológico, com alta eficiência energética e impacto zero na camada de ozônio, alinhando-se ao compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Ronny Oliveira Costa, que trabalha na Gree há 22 anos e hoje é gerente de produção, considera que a presença chinesa em Manaus não apenas trouxe bons produtos, mas também transformações positivas na vida dos trabalhadores locais.
“Minha vida melhorou ano após ano. A maioria dos meus colegas também são da região e tiveram oportunidade de crescer junto com a empresa”, disse Costa. “Graças a esse trabalho, conheci a China, sua cultura rica e tecnologias de ponta — experiências que nunca imaginei viver.”
Para Bosco Saraiva, superintendente da Zona Franca de Manaus, a zona franca é uma força vital para a proteção da Amazônia. O polo industrial gerou milhares de empregos, evitando que a população local recorresse ao desmatamento para atividades agropecuárias, disse ele, acrescentando que isso contribuiu para preservar 97% da floresta no estado do Amazonas.
Segundo ele, empresas chinesas estão presentes nos principais setores da Zona Franca, como o de eletrodomésticos. Manaus é hoje o segundo maior polo de produção de ar-condicionado do mundo, atrás apenas da China. Além disso, a presença de empresas de alta tecnologia chinesas, como fabricantes de smartphones, impulsiona o emprego e promove a modernização industrial da região, observou.
Outro exemplo é a OPPO, marca chinesa que chegou recentemente ao Brasil. Entre o lançamento do projeto, em 2023, e a produção do primeiro smartphone no Brasil, em abril de 2024, passaram-se menos de seis meses.
No setor da fábrica da zona franca onde são produzidas as placas-mãe da OPPO, equipamentos sofisticados operam a todo vapor. As placas passam por processos como aplicação de pasta de solda, inserção automatizada de componentes, soldagem com forno de refluxo em atmosfera de nitrogênio, testes e aplicação de adesivo, antes de serem integradas aos aparelhos finais.
Ma Baoyu, responsável chinês pela operação da fábrica, explicou que todos os equipamentos de teste foram importados da China para garantir a qualidade exigida para o mercado local. A experiência industrial da China permite transferir rapidamente conhecimento técnico e capacidades de gestão de projetos para colaboradores brasileiros, fortalecendo o desenvolvimento pessoal e profissional, disse.
Adriano Cunha, diretor brasileiro de operações, disse que a tecnologia chinesa tem elevado a eficiência e a qualidade da produção. Segundo ele, as máquinas importadas da China são essenciais para que a fábrica consiga atender aos padrões exigidos pela OPPO e fabricar celulares com desempenho superior.
Dados recentes mostram que, em 2024, a Zona Franca de Manaus atingiu a maior receita de sua história em 58 anos.
Queremos continuar trazendo tecnologia e matérias-primas da China, consolidar o crescimento, gerar mais empregos e impulsionar a economia verde da Amazônia. A China é e continuará sendo um parceiro estratégico para Manaus e para o Brasil, concluiu Saraiva.
Fonte: Portuguese News