O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, teve uma série de encontros com autoridades de países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) nesta semana e enxerga a abertura de caminho para uma nova e mais promissora etapa nas relações econômicas do Brasil com a região. O GCC é formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados, Kuwait e Omã.
Desde o último domingo (8), o chanceler esteve em Omã e na Arábia Saudita e cumpre agenda nesta quarta-feira (11) nos Emirados Árabes Unidos. Na capital saudita, Riad, Mauro Vieira representou o Brasil como convidado especial de reunião do GCC e teve encontros paralelos com ministros do Bahrein, Kuwait e Arábia Saudita.
“Assinamos, em nome do Brasil, um memorando de entendimento com o Conselho de Cooperação do Golfo que abre caminho para uma nova e ainda mais promissora etapa nas relações econômicas com a região. E o Conselho, pela natureza da sua atuação como articulador, é o canal ideal para dinamizar esse esforço”, disse Mauro Vieira em entrevista exclusiva, por escrito, à reportagem da ANBA.
O chanceler afirma que a partir da reunião foi aberta etapa de estreitamento do diálogo político de alto nível com o conselho e seus seis países-membros. “Ainda que o Brasil tenha relações tradicionais com todos eles, este novo momento coincide com uma realidade econômica e social totalmente nova, e certamente muito mais promissora”, afirma.
Mauro Vieira diz que as visitas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região e o poder de mobilização da diplomacia presidencial permitiram identificar, no ano passado, amplas oportunidades de negócios em distintos setores. “Minha vinda à região teve o objetivo de dar seguimento aos contatos em andamento entre os governos, além de reiterar nosso interesse na conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e os Emirados Árabes Unidos”, informa.
O ministro vê uma posição política invejável do Brasil na região. “O mundo inteiro está disputando espaços, parcerias e oportunidades no Golfo, e o Brasil tem uma posição política invejável que precisa ser revertida em relações econômicas cada vez mais densas”, afirma.
Ele lembra que o presidente Lula se engaja diretamente no esforço de aproximação com os países do Golfo, com visitas bilaterais aos Emirados, ao Catar e à Arábia Saudita desde a posse, além de ter participado da COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, nos Emirados.
Vieira afirma que ouviu, de forma unânime, também, nas visitas que fez à região este ano, o reconhecimento dos interlocutores quanto à firme posição do Brasil desde o início da crise humanitária e de reféns em Gaza, em outubro passado.
Setor privado
O chanceler se espelha em fala do ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid Al-Fahli, com que esteve após a reunião do GCC, para falar do relacionamento dos países da região com o Brasil. “Ele definiu como “fenomenal” o ritmo da recente aproximação com o Brasil, e estou plenamente de acordo com ele, que esteve recentemente em nosso país”, afirma.
Segundo Mauro, no relato que fez da visita, o ministro Al-Fahli transmitiu entusiasmo quanto a negociações em curso com o Brasil em várias áreas, que vão da segurança alimentar à logística, à aviação comercial e à defesa. “E isso tem muito a ver com o engajamento do setor privado brasileiro, que tem sido muito importante”, afirma.
Para o chanceler, o estreitamento do diálogo político com a região, conduzida como uma das prioridades da política externa do Presidente Lula, abre caminho também para que o setor privado explore oportunidades que esses mercados oferecem.
Mauro Vieira disse que o que mais o impressionou nos contatos de alto nível em Riad foi o conhecimento dos seus interlocutores sobre a economia brasileira e as principais empresas e bancos do País com atuação internacional. “Esse conhecimento é o alicerce para o que virá em matéria de dinamização do comércio e de atração de investimentos recíprocos”, afirmou.
Após ter visitado Omã, o ministro destaca a presença de empresas brasileiras com investimentos relevantes no país, nos setores alimentício e de mineração. “É um dado bastante encorajador”, diz. O chanceler relata que discutiu com o Ministério de Agricultura de Omã novas possíveis vertentes de parcerias, com o caráter complementar das economias abrindo novos espaços para o agronegócio brasileiro.
Emirados Árabes
Nos Emirados Árabes Unidos, Mauro Vieira teve encontros com o ministro das Relações Exteriores, Abdullah bin Zayed Al Nahyan, e com o ministro do Comércio Exterior, Thani bin Ahmed Al Zeyoudi. Segundo divulgou o Itamaraty, o chanceler brasileiro tratou com Al Nahyan de temas de interesse mútuo com foco na preparação de visita ao Brasil do presidente dos Emirados, Mohammed Bin Zayed Al Nahyan.
O encontro com Al Zeyoudi teve como assunto o comércio Brasil-Emirados e a negociação do país árabe com o Mercosul, que tem nova rodada negociadora prevista para outubro. Os Emirados Árabes Unidos negociam com o bloco um acordo de livre comércio.
Fonte: Anba