Evento foi marcado pela presença de autoridades, imprensa e especialistas na Embaixada dos Países Baixos, em Brasília, nesta quarta -feira (19) e discutiu os desafios enfrentados por comunicadores na região amazônica
Na Residência do Reino dos Países Baixos, em Brasília, foi palco do lançamento do aguardado relatório “Fronteiras da Informação – Relatório sobre jornalismo e violência na Amazônia”, elaborado pelo Instituto Vladimir Herzog. O evento reuniu especialistas, representantes de organizações e autoridades para discutir a crescente onda de violência contra jornalistas e comunicadores na maior floresta tropical do mundo.
O relatório, que conta com o prefácio assinado pela renomada jornalista Sônia Bridi, destaca a preocupante situação enfrentada pelos profissionais da imprensa na Amazônia. Desde o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips em 2022, no Vale do Javari, até casos mais recentes como os ataques contra a liderança indígena Txai Suruí, o documento revela uma realidade alarmante.
Giuliano Galli, coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do Instituto Vladimir Herzog, enfatizou a importância do relatório em consolidar dados multidisciplinares sobre as diversas questões que afetam direta ou indiretamente o trabalho dos comunicadores na região. Nos últimos 10 anos, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou 230 casos de violência contra jornalistas nos nove estados que compõem a Amazônia, envolvendo questões como garimpo ilegal, exploração madeireira, expansão agrícola descontrolada e narcotráfico.
“O relatório não se limita a descrever a violência sofrida por esses profissionais. Ele também aponta como o sucateamento das políticas ambientais causou problemas graves, exigindo uma resposta contundente e imediata do Estado brasileiro”, comenta Galli.
Além de documentar os atos de violência, o relatório também aborda o impacto do enfraquecimento das políticas públicas de preservação ambiental sob o governo Bolsonaro, o que contribuiu significativamente para problemas sociais e econômicos na região.
No evento, o Embaixador do Reino dos Países Baixos, André Driessen ,destacou a importância da liberdade de expressão para a democracia.
O evento de lançamento contou com a presença de Hyury Potter e Ariene Susui, respectivamente coordenador e repórter responsáveis pelo relatório, além de representantes do Instituto Vladimir Herzog e das embaixadas dos Países Baixos e Noruega. A ocasião não apenas buscou gerar reflexão, mas também incentivar ações efetivas para proteger os direitos humanos, o meio ambiente e a liberdade de expressão na região.
Com recomendações ao Estado e diretrizes de segurança para profissionais de comunicação, o relatório “Fronteiras da Informação” se apresenta como um convite à mobilização contra os desafios enfrentados pelos comunicadores na Amazônia, reforçando o compromisso com o acesso à informação e os direitos fundamentais em todo o país.