Segue na íntegra o discurso :
Caros amigos jornalistas e acadêmicos,
Bom dia! Sejam bem-vindos.
Na semana passada, teve lugar em Beijing o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, uma reunião de importância nacional e internacional. Na ampla cobertura sobre o evento nos meios de comunicação do Brasil, os senhores trabalharam para trazer ao público informações úteis e leituras diversas para que a sociedade brasileira possa acompanhar as importantes agendas políticas da China, ter uma visão geral do desenvolvimento chinês na nova era, e traçar perspectivas para a cooperação sino-brasileira. É nesse espírito que organizamos o evento de hoje. Com o nosso intercâmbio, esperamos que todos possamos entender melhor o significado do 20º Congresso para a China e o mundo, assim como seus impactos para o futuro das relações China-Brasil.
O Congresso Nacional do Partido Comunista da China, realizado a cada cinco anos, é o evento mais importante na vida política do país. E o recém-concluído 20º Congresso abre um novo capítulo na história da China. No âmbito nacional, o país logrou, nos últimos 10 anos, conquistas históricas em todas as frentes, e o povo chinês inicia uma nova trajetória rumo ao estado socialista amplamente modernizado. Para o mundo, a ordem internacional passa por ajustes profundos e complexos enquanto a humanidade se depara com uma sucessão de desafios globais. Neste momento crítico, o 20º Congresso do Partido elaborou um projeto ambicioso para a próxima etapa do desenvolvimento chinês, além de definir a composição do novo Comitê Central. Tudo isso terá implicações de longo alcance tanto para a China quanto para o mundo.
O desenvolvimento é um projeto sistemático. O 20º Congresso decidiu que, a partir de agora, a tarefa central do Partido Comunista da China é unir e levar o povo chinês na jornada de construir um país socialista modernizado e forte em todos os sentidos. Esse objetivo será alcançado em duas etapas: concluir, até 2035, o processo da modernização socialista e até meados do século 21, se tornar uma potência próspera, forte, democrática, culturalmente avançada, harmoniosa e bela. A estratégia é um conjunto orgânico que engloba todas as frentes: política, economia, bem-estar social, ciência, tecnologia e inovação, proteção ambiental, cultura e educação, defesa nacional, relações exteriores e democracia. Para conhecer os detalhes, sugiro uma leitura mais minuciosa do relatório que o secretário-geral Xi Jinping apresentou na sessão plenária. Para resumir a ideia, acredito que o termo-chave para entender os resultados do 20º Congresso e do desenvolvimento futuro da China “modernização de estilo chinês”.
Essa modernização é uma modernização socialista liderada pelo Partido Comunista da China, que reflete características comuns de qualquer outra modernização, mas também apresenta peculiaridades chinesas baseadas na realidade nacional. Trata-se, em resumo, de um caminho de modernização para um país populoso em busca de prosperidade comum, harmonia entre o Homem e a Natureza e desenvolvimento pacífico. O que há de novidade nisso? Qual é o seu significado? Gostaria de compartilhar com os senhores algumas reflexões minhas sobre essas questões.
Em primeiro lugar, a modernização de estilo chinês segue um novo conceito centrado nas pessoas. Ao contrário da lógica da modernização focada no acúmulo do capital, a modernização chinesa busca, essencialmente, um desenvolvimento de alta qualidade e uma prosperidade comum para toda a população. Ou seja, vamos primeiro fazer crescer o “bolo” e depois reparti-lo da melhor forma possível conforme as regras racionais, trazendo um impulso endógeno para o crescimento. Nos últimos dez anos, a participação da China na economia mundial subiu de 11,3% para 18,5%, enquanto a renda disponível per capita praticamente dobrou. Sobre a base do aumento significativo do poderio econômico, a China venceu a maior batalha na história humana contra a pobreza, construiu os maiores sistemas de educação, seguridade social e saúde do planeta, e conduziu o maior e mais rápido processo de urbanização do mundo. Tudo isso é fazer com que mais e mais frutos do desenvolvimento beneficiem toda a população de forma mais equitativa.
O 20º Congresso escolheu como principal prioridade o desenvolvimento de alta qualidade, isto é buscar a revitalização rural e o desenvolvimento coordenado entre as regiões do país, assim como o equilíbrio entre a melhora qualitativa efetiva e um aumento quantitativo razoável, seguindo o novo conceito pautado nos parâmetros de inovação, coordenação, sustentabilidade, abertura e compartilhamento. Ao mesmo tempo, esse desenvolvimento deve garantir a melhoria do padrão de vida dos chineses. Para isso, vamos aperfeiçoar o sistema de distribuição de renda, expandir a classe média, aprimorar o sistema de seguridade social que atende toda a população, elevar o nível dos serviços públicos e promover a equidade social.
Um segundo ponto é que a modernização de estilo chinês busca um novo caminho de cooperação com ganhos para todas as partes envolvidas. A China nunca se envolveu no expansionismo ou na pilhagem de recursos, mas tomou a iniciativa de se abrir ao mundo exterior e se engajar na cooperação de ganhos mútuos com outros países no seu processo de desenvolvimento. Hoje, a China é um importante parceiro comercial de mais de 140 países e territórios. Desde 2017, o comércio chinês de mercadorias tem sido o maior do mundo por cinco anos consecutivos, respondendo por 13,5% das transações mundiais. No ano passado, as importações da China foram responsáveis por uma alta de 13% do total mundial, de tal forma que o mercado chinês cria tração para a recuperação econômica global. Nos últimos 10 anos, o investimento direto da China no exterior cresceu a uma taxa média anual de mais de 7% e sua participação nos fluxos globais aumentou de 6,3% para mais de 20%, mais uma contribuição positiva para fomentar as parcerias internacionais. Já a iniciativa Cinturão e Rota oferece a maior, mais ampla e mais inclusiva plataforma de cooperação internacional, viabilizando vastas oportunidades a todos os países.
Segundo a decisão do 20º Congresso, ao buscar resultados mutuamente vantajosos, a China vai colocar sua abertura ao exterior em um novo patamar. Para tanto, promoverá uma abertura institucional de regras, regulamentos, gestão e normas, defenderá a diversificação e a estabilidade da conjuntura econômica internacional e das relações comerciais, viabilizando uma economia mundial mais aberta. Isso propicia à China sinergia e compartilhamento de recursos externos e internos, assim como proporciona mais oportunidades e maior espaço de cooperação a todos os países do mundo.
Terceiro, a modernização de estilo chinês estabelece um novo paradigma para o desenvolvimento pacífico. A China não tem genes de hegemonia ou expansionismo. Na sua trajetória centenária, o Partido Comunista da China sempre se dedicou a trazer bem-estar ao povo chinês e paz e prosperidade ao mundo. Na última década, a China defendeu firmemente a justiça internacional e promoveu a prática do multilateralismo genuíno. Advogou por um novo tipo de relações internacionais fundamentado no respeito mútuo, na equidade, na justiça e na cooperação de ganhos mútuos e lutou contra todas as formas de hegemonismo e política de poder. Sempre trabalhou para construir a paz mundial, impulsionar o desenvolvimento global e preservar a ordem internacional. Diante das rápidas mudanças na conjuntura internacional, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global, que fornecem importantes bens públicos e plataformas de cooperação para suprir o déficit de governança global, responder aos desafios globais e salvaguardar a paz e a tranquilidade do mundo.
O 20º Congresso salienta que, fiel a uma política externa em prol da paz mundial e do desenvolvimento comum, a China arquiteta uma comunidade de futuro compartilhado para toda a humanidade. Desenvolve a amizade e a cooperação com outros países com base nos cinco princípios de coexistência pacífica, aprofunda e amplia a parceria global pautada na igualdade, abertura e cooperação. Empenha-se em aumentar a convergência de interesses com outros países e a defender os interesses comuns das nações em desenvolvimento. Promove, junto com todos os países, os valores comuns de paz, progresso, equidade, justiça, democracia e liberdade, para construir um futuro mais promissor para a humanidade.
Caros amigos,
As práticas da modernização de estilo chinês confirmam que não há um padrão único ou uma receita pronta para a modernização, que deve seguir caminhos diversificados conforme as diferentes circunstâncias históricas e condições nacionais de cada país. Para um grande país em desenvolvimento com tão extenso, populoso e complexo como a China, ter um partido governante forte e atuante é a garantia fundamental para construir consensos e consolidar a sinergia para o desenvolvimento. Com toda a convicção e firmeza, o país seguirá o caminho do desenvolvimento comprovadamente condizente com a condição nacional, isto é, o caminho do socialismo com características chinesas. Nesse processo, vamos promover uma melhor integração entre o marxismo e a realidade chinesa, e entre a tradição cultural e a modernidade civilizatória. Vamos inovar as formas da civilização humana na teoria e na prática, e contribuir com conhecimentos chineses para que os países em desenvolvimento encontrem seu caminho da modernização.
Senhoras e senhores,
China e Brasil são países de relevância internacional e representantes das economias emergentes. Numa conjuntura internacional repleta de incerteza e instabilidade, é ainda mais importante que nossos dois países se fortaleçam juntos e aprofundem a parceria bilateral. A China já tem metas de desenvolvimento bem definidas para a próxima fase e uma perspectiva ainda mais promissora. Isso trará novas oportunidades às relações sino-brasileiras.
Primeiramente, com a ampliação da nossa cooperação. Segundo o relatório do 20º Congresso, o crescimento de alta qualidade deve contar com o suporte fundamental e estratégico na educação, na ciência e tecnologia e nos recursos humanos. Para tanto, o país vai desenvolver a educação como prioridade, aprimorar o sistema de inovação científica e tecnológica, com o objetivo de alcançar um novo patamar de autossuficiência nessa frente e formar um novo impulso e novas vantagens para o desenvolvimento. Além disso, a China vai acelerar o fortalecimento da indústria verde e de baixo carbono, buscando uma transição no seu modelo de crescimento. As áreas mencionadas respaldam o desenvolvimento futuro da China e, ao mesmo tempo, podem servir como novas fronteiras para a cooperação China-Brasil. Partindo das respectivas vantagens, os dois países devem intensificar a parceria em setores emergentes como energia limpa, infraestrutura digital, agricultura inteligente, biotecnologia e inteligência artificial, a fim de impulsionar uma transição e uma sofisticação do desenvolvimento de cada lado mediante essa cooperação bilateral mais ampliada e de mais alto nível.
Um segundo aspecto diz respeito à concertação no âmbito internacional. Quando mais intensa essa concertação entre China e Brasil, maiores representantes dos países em desenvolvimento, maior será a nossa relevância global e melhor será a defesa dos interesses comuns das nações em desenvolvimento. A China está disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com o Brasil através de canais bilaterais e multilaterais, com o propósito de melhorar a governança global, salvaguardar a equidade e a justiça internacional e responder aos desafios globais. Juntos vamos construir uma economia mundial mais aberta e uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Um terceiro aspecto tem a ver com o aprendizado mútuo. A modernização da China é um processo que se atualiza com o tempo. Portanto, a inovação da China não se esgota, a reforma da China não para e o desenvolvimento da China não tem fim. O Brasil também está entrando em uma nova fase de desenvolvimento. Se uma cooperação mais estreita fortalece os laços bilaterais, um melhor conhecimento mútuo torna a nossa amizade mais sólida. Nesse sentido, os senhores aqui presentes têm um papel fundamental. Quero colocar esta Embaixada à sua disposição para suas reportagens e estudos sobre a China, assim como os contatos com parceiros no meu país. Esperamos ver uma atuação mais proativa dos senhores para trazer à sociedade brasileira uma perspectiva mais abrangente e objetiva sobre a China e seu caminho, assim com uma visão de longo prazo sobre o desenvolvimento chinês. Com isso, vamos pavimentar um caminho de entendimento em busca uma relação sino-brasileira mais ampla e promissora.
Fico à disposição para ouvir suas apresentações e responder a suas perguntas. Obrigado.
(25 de outubro de 2022, terça-feira, às 11h)
Caros amigos jornalistas e acadêmicos,
Bom dia! Sejam bem-vindos.
Na semana passada, teve lugar em Beijing o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, uma reunião de importância nacional e internacional. Na ampla cobertura sobre o evento nos meios de comunicação do Brasil, os senhores trabalharam para trazer ao público informações úteis e leituras diversas para que a sociedade brasileira possa acompanhar as importantes agendas políticas da China, ter uma visão geral do desenvolvimento chinês na nova era, e traçar perspectivas para a cooperação sino-brasileira. É nesse espírito que organizamos o evento de hoje. Com o nosso intercâmbio, esperamos que todos possamos entender melhor o significado do 20º Congresso para a China e o mundo, assim como seus impactos para o futuro das relações China-Brasil.
O Congresso Nacional do Partido Comunista da China, realizado a cada cinco anos, é o evento mais importante na vida política do país. E o recém-concluído 20º Congresso abre um novo capítulo na história da China. No âmbito nacional, o país logrou, nos últimos 10 anos, conquistas históricas em todas as frentes, e o povo chinês inicia uma nova trajetória rumo ao estado socialista amplamente modernizado. Para o mundo, a ordem internacional passa por ajustes profundos e complexos enquanto a humanidade se depara com uma sucessão de desafios globais. Neste momento crítico, o 20º Congresso do Partido elaborou um projeto ambicioso para a próxima etapa do desenvolvimento chinês, além de definir a composição do novo Comitê Central. Tudo isso terá implicações de longo alcance tanto para a China quanto para o mundo.
O desenvolvimento é um projeto sistemático. O 20º Congresso decidiu que, a partir de agora, a tarefa central do Partido Comunista da China é unir e levar o povo chinês na jornada de construir um país socialista modernizado e forte em todos os sentidos. Esse objetivo será alcançado em duas etapas: concluir, até 2035, o processo da modernização socialista e até meados do século 21, se tornar uma potência próspera, forte, democrática, culturalmente avançada, harmoniosa e bela. A estratégia é um conjunto orgânico que engloba todas as frentes: política, economia, bem-estar social, ciência, tecnologia e inovação, proteção ambiental, cultura e educação, defesa nacional, relações exteriores e democracia. Para conhecer os detalhes, sugiro uma leitura mais minuciosa do relatório que o secretário-geral Xi Jinping apresentou na sessão plenária. Para resumir a ideia, acredito que o termo-chave para entender os resultados do 20º Congresso e do desenvolvimento futuro da China “modernização de estilo chinês”.
Essa modernização é uma modernização socialista liderada pelo Partido Comunista da China, que reflete características comuns de qualquer outra modernização, mas também apresenta peculiaridades chinesas baseadas na realidade nacional. Trata-se, em resumo, de um caminho de modernização para um país populoso em busca de prosperidade comum, harmonia entre o Homem e a Natureza e desenvolvimento pacífico. O que há de novidade nisso? Qual é o seu significado? Gostaria de compartilhar com os senhores algumas reflexões minhas sobre essas questões.
Em primeiro lugar, a modernização de estilo chinês segue um novo conceito centrado nas pessoas. Ao contrário da lógica da modernização focada no acúmulo do capital, a modernização chinesa busca, essencialmente, um desenvolvimento de alta qualidade e uma prosperidade comum para toda a população. Ou seja, vamos primeiro fazer crescer o “bolo” e depois reparti-lo da melhor forma possível conforme as regras racionais, trazendo um impulso endógeno para o crescimento. Nos últimos dez anos, a participação da China na economia mundial subiu de 11,3% para 18,5%, enquanto a renda disponível per capita praticamente dobrou. Sobre a base do aumento significativo do poderio econômico, a China venceu a maior batalha na história humana contra a pobreza, construiu os maiores sistemas de educação, seguridade social e saúde do planeta, e conduziu o maior e mais rápido processo de urbanização do mundo. Tudo isso é fazer com que mais e mais frutos do desenvolvimento beneficiem toda a população de forma mais equitativa.
O 20º Congresso escolheu como principal prioridade o desenvolvimento de alta qualidade, isto é buscar a revitalização rural e o desenvolvimento coordenado entre as regiões do país, assim como o equilíbrio entre a melhora qualitativa efetiva e um aumento quantitativo razoável, seguindo o novo conceito pautado nos parâmetros de inovação, coordenação, sustentabilidade, abertura e compartilhamento. Ao mesmo tempo, esse desenvolvimento deve garantir a melhoria do padrão de vida dos chineses. Para isso, vamos aperfeiçoar o sistema de distribuição de renda, expandir a classe média, aprimorar o sistema de seguridade social que atende toda a população, elevar o nível dos serviços públicos e promover a equidade social.
Um segundo ponto é que a modernização de estilo chinês busca um novo caminho de cooperação com ganhos para todas as partes envolvidas. A China nunca se envolveu no expansionismo ou na pilhagem de recursos, mas tomou a iniciativa de se abrir ao mundo exterior e se engajar na cooperação de ganhos mútuos com outros países no seu processo de desenvolvimento. Hoje, a China é um importante parceiro comercial de mais de 140 países e territórios. Desde 2017, o comércio chinês de mercadorias tem sido o maior do mundo por cinco anos consecutivos, respondendo por 13,5% das transações mundiais. No ano passado, as importações da China foram responsáveis por uma alta de 13% do total mundial, de tal forma que o mercado chinês cria tração para a recuperação econômica global. Nos últimos 10 anos, o investimento direto da China no exterior cresceu a uma taxa média anual de mais de 7% e sua participação nos fluxos globais aumentou de 6,3% para mais de 20%, mais uma contribuição positiva para fomentar as parcerias internacionais. Já a iniciativa Cinturão e Rota oferece a maior, mais ampla e mais inclusiva plataforma de cooperação internacional, viabilizando vastas oportunidades a todos os países.
Segundo a decisão do 20º Congresso, ao buscar resultados mutuamente vantajosos, a China vai colocar sua abertura ao exterior em um novo patamar. Para tanto, promoverá uma abertura institucional de regras, regulamentos, gestão e normas, defenderá a diversificação e a estabilidade da conjuntura econômica internacional e das relações comerciais, viabilizando uma economia mundial mais aberta. Isso propicia à China sinergia e compartilhamento de recursos externos e internos, assim como proporciona mais oportunidades e maior espaço de cooperação a todos os países do mundo.
Terceiro, a modernização de estilo chinês estabelece um novo paradigma para o desenvolvimento pacífico. A China não tem genes de hegemonia ou expansionismo. Na sua trajetória centenária, o Partido Comunista da China sempre se dedicou a trazer bem-estar ao povo chinês e paz e prosperidade ao mundo. Na última década, a China defendeu firmemente a justiça internacional e promoveu a prática do multilateralismo genuíno. Advogou por um novo tipo de relações internacionais fundamentado no respeito mútuo, na equidade, na justiça e na cooperação de ganhos mútuos e lutou contra todas as formas de hegemonismo e política de poder. Sempre trabalhou para construir a paz mundial, impulsionar o desenvolvimento global e preservar a ordem internacional. Diante das rápidas mudanças na conjuntura internacional, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global, que fornecem importantes bens públicos e plataformas de cooperação para suprir o déficit de governança global, responder aos desafios globais e salvaguardar a paz e a tranquilidade do mundo.
O 20º Congresso salienta que, fiel a uma política externa em prol da paz mundial e do desenvolvimento comum, a China arquiteta uma comunidade de futuro compartilhado para toda a humanidade. Desenvolve a amizade e a cooperação com outros países com base nos cinco princípios de coexistência pacífica, aprofunda e amplia a parceria global pautada na igualdade, abertura e cooperação. Empenha-se em aumentar a convergência de interesses com outros países e a defender os interesses comuns das nações em desenvolvimento. Promove, junto com todos os países, os valores comuns de paz, progresso, equidade, justiça, democracia e liberdade, para construir um futuro mais promissor para a humanidade.
Caros amigos,
As práticas da modernização de estilo chinês confirmam que não há um padrão único ou uma receita pronta para a modernização, que deve seguir caminhos diversificados conforme as diferentes circunstâncias históricas e condições nacionais de cada país. Para um grande país em desenvolvimento com tão extenso, populoso e complexo como a China, ter um partido governante forte e atuante é a garantia fundamental para construir consensos e consolidar a sinergia para o desenvolvimento. Com toda a convicção e firmeza, o país seguirá o caminho do desenvolvimento comprovadamente condizente com a condição nacional, isto é, o caminho do socialismo com características chinesas. Nesse processo, vamos promover uma melhor integração entre o marxismo e a realidade chinesa, e entre a tradição cultural e a modernidade civilizatória. Vamos inovar as formas da civilização humana na teoria e na prática, e contribuir com conhecimentos chineses para que os países em desenvolvimento encontrem seu caminho da modernização.
Senhoras e senhores,
China e Brasil são países de relevância internacional e representantes das economias emergentes. Numa conjuntura internacional repleta de incerteza e instabilidade, é ainda mais importante que nossos dois países se fortaleçam juntos e aprofundem a parceria bilateral. A China já tem metas de desenvolvimento bem definidas para a próxima fase e uma perspectiva ainda mais promissora. Isso trará novas oportunidades às relações sino-brasileiras.
Primeiramente, com a ampliação da nossa cooperação. Segundo o relatório do 20º Congresso, o crescimento de alta qualidade deve contar com o suporte fundamental e estratégico na educação, na ciência e tecnologia e nos recursos humanos. Para tanto, o país vai desenvolver a educação como prioridade, aprimorar o sistema de inovação científica e tecnológica, com o objetivo de alcançar um novo patamar de autossuficiência nessa frente e formar um novo impulso e novas vantagens para o desenvolvimento. Além disso, a China vai acelerar o fortalecimento da indústria verde e de baixo carbono, buscando uma transição no seu modelo de crescimento. As áreas mencionadas respaldam o desenvolvimento futuro da China e, ao mesmo tempo, podem servir como novas fronteiras para a cooperação China-Brasil. Partindo das respectivas vantagens, os dois países devem intensificar a parceria em setores emergentes como energia limpa, infraestrutura digital, agricultura inteligente, biotecnologia e inteligência artificial, a fim de impulsionar uma transição e uma sofisticação do desenvolvimento de cada lado mediante essa cooperação bilateral mais ampliada e de mais alto nível.
Um segundo aspecto diz respeito à concertação no âmbito internacional. Quando mais intensa essa concertação entre China e Brasil, maiores representantes dos países em desenvolvimento, maior será a nossa relevância global e melhor será a defesa dos interesses comuns das nações em desenvolvimento. A China está disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com o Brasil através de canais bilaterais e multilaterais, com o propósito de melhorar a governança global, salvaguardar a equidade e a justiça internacional e responder aos desafios globais. Juntos vamos construir uma economia mundial mais aberta e uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Um terceiro aspecto tem a ver com o aprendizado mútuo. A modernização da China é um processo que se atualiza com o tempo. Portanto, a inovação da China não se esgota, a reforma da China não para e o desenvolvimento da China não tem fim. O Brasil também está entrando em uma nova fase de desenvolvimento. Se uma cooperação mais estreita fortalece os laços bilaterais, um melhor conhecimento mútuo torna a nossa amizade mais sólida. Nesse sentido, os senhores aqui presentes têm um papel fundamental. Quero colocar esta Embaixada à sua disposição para suas reportagens e estudos sobre a China, assim como os contatos com parceiros no meu país. Esperamos ver uma atuação mais proativa dos senhores para trazer à sociedade brasileira uma perspectiva mais abrangente e objetiva sobre a China e seu caminho, assim com uma visão de longo prazo sobre o desenvolvimento chinês. Com isso, vamos pavimentar um caminho de entendimento em busca uma relação sino-brasileira mais ampla e promissora.
Fico à disposição para ouvir suas apresentações e responder a suas perguntas. Obrigado.
(25 de outubro de 2022, terça-feira, às 11h)
Caros amigos jornalistas e acadêmicos,
Bom dia! Sejam bem-vindos.
Na semana passada, teve lugar em Beijing o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, uma reunião de importância nacional e internacional. Na ampla cobertura sobre o evento nos meios de comunicação do Brasil, os senhores trabalharam para trazer ao público informações úteis e leituras diversas para que a sociedade brasileira possa acompanhar as importantes agendas políticas da China, ter uma visão geral do desenvolvimento chinês na nova era, e traçar perspectivas para a cooperação sino-brasileira. É nesse espírito que organizamos o evento de hoje. Com o nosso intercâmbio, esperamos que todos possamos entender melhor o significado do 20º Congresso para a China e o mundo, assim como seus impactos para o futuro das relações China-Brasil.
O Congresso Nacional do Partido Comunista da China, realizado a cada cinco anos, é o evento mais importante na vida política do país. E o recém-concluído 20º Congresso abre um novo capítulo na história da China. No âmbito nacional, o país logrou, nos últimos 10 anos, conquistas históricas em todas as frentes, e o povo chinês inicia uma nova trajetória rumo ao estado socialista amplamente modernizado. Para o mundo, a ordem internacional passa por ajustes profundos e complexos enquanto a humanidade se depara com uma sucessão de desafios globais. Neste momento crítico, o 20º Congresso do Partido elaborou um projeto ambicioso para a próxima etapa do desenvolvimento chinês, além de definir a composição do novo Comitê Central. Tudo isso terá implicações de longo alcance tanto para a China quanto para o mundo.
O desenvolvimento é um projeto sistemático. O 20º Congresso decidiu que, a partir de agora, a tarefa central do Partido Comunista da China é unir e levar o povo chinês na jornada de construir um país socialista modernizado e forte em todos os sentidos. Esse objetivo será alcançado em duas etapas: concluir, até 2035, o processo da modernização socialista e até meados do século 21, se tornar uma potência próspera, forte, democrática, culturalmente avançada, harmoniosa e bela. A estratégia é um conjunto orgânico que engloba todas as frentes: política, economia, bem-estar social, ciência, tecnologia e inovação, proteção ambiental, cultura e educação, defesa nacional, relações exteriores e democracia. Para conhecer os detalhes, sugiro uma leitura mais minuciosa do relatório que o secretário-geral Xi Jinping apresentou na sessão plenária. Para resumir a ideia, acredito que o termo-chave para entender os resultados do 20º Congresso e do desenvolvimento futuro da China “modernização de estilo chinês”.
Essa modernização é uma modernização socialista liderada pelo Partido Comunista da China, que reflete características comuns de qualquer outra modernização, mas também apresenta peculiaridades chinesas baseadas na realidade nacional. Trata-se, em resumo, de um caminho de modernização para um país populoso em busca de prosperidade comum, harmonia entre o Homem e a Natureza e desenvolvimento pacífico. O que há de novidade nisso? Qual é o seu significado? Gostaria de compartilhar com os senhores algumas reflexões minhas sobre essas questões.
Em primeiro lugar, a modernização de estilo chinês segue um novo conceito centrado nas pessoas. Ao contrário da lógica da modernização focada no acúmulo do capital, a modernização chinesa busca, essencialmente, um desenvolvimento de alta qualidade e uma prosperidade comum para toda a população. Ou seja, vamos primeiro fazer crescer o “bolo” e depois reparti-lo da melhor forma possível conforme as regras racionais, trazendo um impulso endógeno para o crescimento. Nos últimos dez anos, a participação da China na economia mundial subiu de 11,3% para 18,5%, enquanto a renda disponível per capita praticamente dobrou. Sobre a base do aumento significativo do poderio econômico, a China venceu a maior batalha na história humana contra a pobreza, construiu os maiores sistemas de educação, seguridade social e saúde do planeta, e conduziu o maior e mais rápido processo de urbanização do mundo. Tudo isso é fazer com que mais e mais frutos do desenvolvimento beneficiem toda a população de forma mais equitativa.
O 20º Congresso escolheu como principal prioridade o desenvolvimento de alta qualidade, isto é buscar a revitalização rural e o desenvolvimento coordenado entre as regiões do país, assim como o equilíbrio entre a melhora qualitativa efetiva e um aumento quantitativo razoável, seguindo o novo conceito pautado nos parâmetros de inovação, coordenação, sustentabilidade, abertura e compartilhamento. Ao mesmo tempo, esse desenvolvimento deve garantir a melhoria do padrão de vida dos chineses. Para isso, vamos aperfeiçoar o sistema de distribuição de renda, expandir a classe média, aprimorar o sistema de seguridade social que atende toda a população, elevar o nível dos serviços públicos e promover a equidade social.
Um segundo ponto é que a modernização de estilo chinês busca um novo caminho de cooperação com ganhos para todas as partes envolvidas. A China nunca se envolveu no expansionismo ou na pilhagem de recursos, mas tomou a iniciativa de se abrir ao mundo exterior e se engajar na cooperação de ganhos mútuos com outros países no seu processo de desenvolvimento. Hoje, a China é um importante parceiro comercial de mais de 140 países e territórios. Desde 2017, o comércio chinês de mercadorias tem sido o maior do mundo por cinco anos consecutivos, respondendo por 13,5% das transações mundiais. No ano passado, as importações da China foram responsáveis por uma alta de 13% do total mundial, de tal forma que o mercado chinês cria tração para a recuperação econômica global. Nos últimos 10 anos, o investimento direto da China no exterior cresceu a uma taxa média anual de mais de 7% e sua participação nos fluxos globais aumentou de 6,3% para mais de 20%, mais uma contribuição positiva para fomentar as parcerias internacionais. Já a iniciativa Cinturão e Rota oferece a maior, mais ampla e mais inclusiva plataforma de cooperação internacional, viabilizando vastas oportunidades a todos os países.
Segundo a decisão do 20º Congresso, ao buscar resultados mutuamente vantajosos, a China vai colocar sua abertura ao exterior em um novo patamar. Para tanto, promoverá uma abertura institucional de regras, regulamentos, gestão e normas, defenderá a diversificação e a estabilidade da conjuntura econômica internacional e das relações comerciais, viabilizando uma economia mundial mais aberta. Isso propicia à China sinergia e compartilhamento de recursos externos e internos, assim como proporciona mais oportunidades e maior espaço de cooperação a todos os países do mundo.
Terceiro, a modernização de estilo chinês estabelece um novo paradigma para o desenvolvimento pacífico. A China não tem genes de hegemonia ou expansionismo. Na sua trajetória centenária, o Partido Comunista da China sempre se dedicou a trazer bem-estar ao povo chinês e paz e prosperidade ao mundo. Na última década, a China defendeu firmemente a justiça internacional e promoveu a prática do multilateralismo genuíno. Advogou por um novo tipo de relações internacionais fundamentado no respeito mútuo, na equidade, na justiça e na cooperação de ganhos mútuos e lutou contra todas as formas de hegemonismo e política de poder. Sempre trabalhou para construir a paz mundial, impulsionar o desenvolvimento global e preservar a ordem internacional. Diante das rápidas mudanças na conjuntura internacional, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global, que fornecem importantes bens públicos e plataformas de cooperação para suprir o déficit de governança global, responder aos desafios globais e salvaguardar a paz e a tranquilidade do mundo.
O 20º Congresso salienta que, fiel a uma política externa em prol da paz mundial e do desenvolvimento comum, a China arquiteta uma comunidade de futuro compartilhado para toda a humanidade. Desenvolve a amizade e a cooperação com outros países com base nos cinco princípios de coexistência pacífica, aprofunda e amplia a parceria global pautada na igualdade, abertura e cooperação. Empenha-se em aumentar a convergência de interesses com outros países e a defender os interesses comuns das nações em desenvolvimento. Promove, junto com todos os países, os valores comuns de paz, progresso, equidade, justiça, democracia e liberdade, para construir um futuro mais promissor para a humanidade.
Caros amigos,
As práticas da modernização de estilo chinês confirmam que não há um padrão único ou uma receita pronta para a modernização, que deve seguir caminhos diversificados conforme as diferentes circunstâncias históricas e condições nacionais de cada país. Para um grande país em desenvolvimento com tão extenso, populoso e complexo como a China, ter um partido governante forte e atuante é a garantia fundamental para construir consensos e consolidar a sinergia para o desenvolvimento. Com toda a convicção e firmeza, o país seguirá o caminho do desenvolvimento comprovadamente condizente com a condição nacional, isto é, o caminho do socialismo com características chinesas. Nesse processo, vamos promover uma melhor integração entre o marxismo e a realidade chinesa, e entre a tradição cultural e a modernidade civilizatória. Vamos inovar as formas da civilização humana na teoria e na prática, e contribuir com conhecimentos chineses para que os países em desenvolvimento encontrem seu caminho da modernização.
Senhoras e senhores,
China e Brasil são países de relevância internacional e representantes das economias emergentes. Numa conjuntura internacional repleta de incerteza e instabilidade, é ainda mais importante que nossos dois países se fortaleçam juntos e aprofundem a parceria bilateral. A China já tem metas de desenvolvimento bem definidas para a próxima fase e uma perspectiva ainda mais promissora. Isso trará novas oportunidades às relações sino-brasileiras.
Primeiramente, com a ampliação da nossa cooperação. Segundo o relatório do 20º Congresso, o crescimento de alta qualidade deve contar com o suporte fundamental e estratégico na educação, na ciência e tecnologia e nos recursos humanos. Para tanto, o país vai desenvolver a educação como prioridade, aprimorar o sistema de inovação científica e tecnológica, com o objetivo de alcançar um novo patamar de autossuficiência nessa frente e formar um novo impulso e novas vantagens para o desenvolvimento. Além disso, a China vai acelerar o fortalecimento da indústria verde e de baixo carbono, buscando uma transição no seu modelo de crescimento. As áreas mencionadas respaldam o desenvolvimento futuro da China e, ao mesmo tempo, podem servir como novas fronteiras para a cooperação China-Brasil. Partindo das respectivas vantagens, os dois países devem intensificar a parceria em setores emergentes como energia limpa, infraestrutura digital, agricultura inteligente, biotecnologia e inteligência artificial, a fim de impulsionar uma transição e uma sofisticação do desenvolvimento de cada lado mediante essa cooperação bilateral mais ampliada e de mais alto nível.
Um segundo aspecto diz respeito à concertação no âmbito internacional. Quando mais intensa essa concertação entre China e Brasil, maiores representantes dos países em desenvolvimento, maior será a nossa relevância global e melhor será a defesa dos interesses comuns das nações em desenvolvimento. A China está disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com o Brasil através de canais bilaterais e multilaterais, com o propósito de melhorar a governança global, salvaguardar a equidade e a justiça internacional e responder aos desafios globais. Juntos vamos construir uma economia mundial mais aberta e uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Um terceiro aspecto tem a ver com o aprendizado mútuo. A modernização da China é um processo que se atualiza com o tempo. Portanto, a inovação da China não se esgota, a reforma da China não para e o desenvolvimento da China não tem fim. O Brasil também está entrando em uma nova fase de desenvolvimento. Se uma cooperação mais estreita fortalece os laços bilaterais, um melhor conhecimento mútuo torna a nossa amizade mais sólida. Nesse sentido, os senhores aqui presentes têm um papel fundamental. Quero colocar esta Embaixada à sua disposição para suas reportagens e estudos sobre a China, assim como os contatos com parceiros no meu país. Esperamos ver uma atuação mais proativa dos senhores para trazer à sociedade brasileira uma perspectiva mais abrangente e objetiva sobre a China e seu caminho, assim com uma visão de longo prazo sobre o desenvolvimento chinês. Com isso, vamos pavimentar um caminho de entendimento em busca uma relação sino-brasileira mais ampla e promissora.