Brasil inicia levantamento de cidadãos que desejam deixar Israel em meio a conflito com o Irã
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv informou nesta quinta-feira (20) que começou a identificar os brasileiros interessados em sair de Israel, diante do agravamento das hostilidades entre o país e o Irã, que já se estendem por mais de uma semana.
Entenda o cenário
Segundo o comunicado, os cidadãos que desejam retornar ao Brasil devem preencher um formulário online, que servirá para atualizar dados pessoais e de localização. A recomendação é que cada pessoa envie uma resposta individual, inclusive menores de idade.
Apesar da iniciativa, a embaixada afirmou que ainda não há um plano concreto de repatriação. O aeroporto Ben-Gurion segue com operações suspensas, assim como o espaço aéreo israelense, e não há previsão de reabertura. Estão autorizados apenas voos previamente liberados pela Autoridade de Aviação Civil de Israel e pelos centros operacionais dos aeroportos envolvidos.
A embaixada também alertou que brasileiros que optarem por sair de Israel por via terrestre devem organizar esse deslocamento por conta própria, levando em consideração os riscos, eventuais exigências de visto e seguindo todas as recomendações de segurança.
Desde outubro de 2023, o governo brasileiro desaconselha viagens a Israel, após o ataque promovido pelo grupo Hamas. Um Alerta Consular foi emitido na época, orientando que apenas deslocamentos essenciais fossem realizados.
Na última quarta-feira, uma comitiva formada por 12 representantes brasileiros, incluindo parlamentares, prefeitos e secretários, conseguiu retornar ao país após negociação entre o Itamaraty e a embaixada israelense no Brasil. O grupo deixou Israel de ônibus rumo à Cisjordânia, seguiu até a Arábia Saudita e, de lá, embarcou em um voo fretado de volta ao Brasil.
Grupo religioso relata abandono
Brasileiros que ainda se encontram em Israel relatam dificuldades para deixar o país e falta de apoio das autoridades. Um grupo de oito fiéis da Igreja Regeneração em Jesus, em peregrinação desde 6 de junho, afirmou que está tentando sair do território israelense por conta própria.
Segundo a pastora Vanessa Garcia Rodrigues de Souza, o grupo contratou um ônibus particular com destino à cidade de Eilat, na fronteira com o Egito, e planeja voar para o Brasil ou Europa a partir de território egípcio — embora ainda não tenham certeza se conseguirão entrar no país.
“Estamos a caminho porque não há outra alternativa. O aeroporto Ben Gurion está fechado e não tivemos nenhuma confirmação sobre repatriação. Só nos restam as fronteiras”, disse Vanessa.
Ela afirma que o grupo entrou em contato com o Itamaraty e a embaixada brasileira desde o início da escalada no conflito, mas não recebeu nenhum tipo de suporte. “Estamos sem qualquer assistência do governo. Até agora, estamos por nossa conta, sem orientação”, desabafou.
O portal UOL procurou o Ministério das Relações Exteriores para comentar sobre o apoio aos brasileiros no exterior, mas não obteve resposta até o momento da publicação. O espaço segue aberto para manifestação.