ANDRAJOS
É primavera, tempo de se admirar tesouros sem preço,
Pelos caminhos da natureza, os mais belos adereços.
A mesma folha caída que no chão é tapete ou tropeço,
Nas hastes altas das ramas, é broto, é vida, recomeço.
Arrulham as aves, esvai-se a neblina, cantam as rosas,
A lua afina-se ao fim desta tarde pela planura formosa.
As lágrimas se ocultam pelas copas da rica vegetação,
A paixão aquieta-se, a paz supera na alma a afetação.
É primavera, tímida, silenciosa, qual borboleta em ação,
Sou eu a fazer versos dos meus andrajos em ebulição.