O Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, convocou o país a transformar o uso da inteligência artificial (IA) em uma “nova filosofia”. O Chefe de Estado fez esta declaração durante o fórum Digital Bridge 2025, aberto em Astana. Em seu discurso, Tokayev destacou o papel da digitalização e do desenvolvimento inovador, chamando a construção de um Estado digital de “escolha estratégica que define o futuro do Cazaquistão”. Segundo ele, “a digitalização e o amplo uso das redes neurais devem se tornar uma nova filosofia da administração pública no país”.
Ao abrir o fórum, Tokayev observou que o mundo entrou na era da inteligência artificial e que essa tecnologia revolucionária está mudando fundamentalmente a política, a economia e a vida cotidiana de bilhões de pessoas. O Presidente acredita que a tarefa atual é direcionar as novas tecnologias em benefício da humanidade, transformando-as em um fator-chave de progresso e cooperação.
“Há mais de 30 anos, o Cazaquistão renunciou voluntariamente às suas armas nucleares, fazendo uma escolha histórica em favor da paz e da segurança. Hoje, nosso país está igualmente firme em seu compromisso com o uso da inteligência artificial exclusivamente para fins pacíficos. Consideramos inaceitável seu uso em atividades militares, ataques cibernéticos ou outros projetos que ameacem a estabilidade internacional”, enfatizou o chefe de Estado, confirmando a prontidão do Cazaquistão para participar do Diálogo Global sobre Inteligência Artificial sob os auspícios da ONU.
Tokayev delineou planos para integrar a inteligência artificial e a digitalização em todas as esferas da vida e da atividade dentro de três anos, transformando o Cazaquistão em um “país digital”. Em seu recente Pronunciamento ao Povo, o governo estabeleceu um objetivo claro: modernizar todos os setores da indústria, bancos, habitação e serviços públicos, agricultura, ciência, educação, medicina, recursos hídricos e infraestrutura, exploração geológica, fluxos migratórios e muito mais, por meio da digitalização em larga escala e da implementação abrangente da IA. “Esta é uma meta muito ambiciosa. Portanto, agora estamos trabalhando ativamente para criar um ecossistema digital holístico para o país”, garantiu o Chefe de Estado.
Segundo ele, já houve um progresso significativo. Há uma semana, o Majilis (a câmara baixa) aprovou a Lei de Inteligência Artificial em segunda leitura. A primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento da IA, dedicado à educação, foi realizada em Astana. Foi tomada uma “decisão histórica” para estabelecer a primeira universidade de pesquisa em IA. O Centro Internacional de IA Alem.ai, uma espécie de “fábrica de ideias e inovação”, foi inaugurado. Os planos para o futuro próximo incluem o lançamento de um segundo cluster de supercomputadores na república. Além disso, o arcabouço legal está sendo desenvolvido a todo vapor e medidas específicas estão sendo tomadas para a pronta adoção do documento-chave na área de IA — o Código Digital.
“A inteligência artificial deve servir apenas a propósitos positivos. O bem-estar humano é primordial. A Alem.ai pretende se tornar um centro global onde as tecnologias de IA serão implementadas da forma mais eficaz e ética possível. É crucial aplicar a tecnologia de IA de forma responsável. A nova universidade e o centro Alem.ai formarão a base para a formação de um ecossistema unificado”, disse Kassym-Jomart Tokayev.
O Presidente enfatizou que a construção de um Estado digital é uma escolha estratégica que determina o futuro do Cazaquistão. O objetivo declarado de se tornar um “país digital” implica uma profunda transformação na relação do Estado com os cidadãos e as empresas. Tokayev está confiante de que o Ministério da Inteligência Artificial e Desenvolvimento Digital, criado especificamente para esse fim, se tornará o principal impulsionador da digitalização e da implementação da IA em todas as esferas da vida.
“Em outras palavras, a vida pública em nosso país se tornará completamente diferente, mais avançada tecnologicamente e moderna, o que, por sua vez, terá um impacto positivo na mentalidade da nação, que dará um enorme passo em direção à civilização. Tenho dito repetidamente que nosso povo deve olhar para o futuro com otimismo e não se prender ao passado”, disse o Presidente.
O que isso trará para o país? O líder cazaque acredita que as tecnologias inteligentes melhorarão significativamente a eficácia do planejamento estratégico, contribuirão para o bem-estar dos cidadãos e promoverão o crescimento econômico sustentável. Portanto, a digitalização e o uso generalizado de redes neurais devem se tornar a nova filosofia da administração pública no Cazaquistão.
“A humanidade enfrenta agora vários cenários para o desenvolvimento futuro da inteligência artificial. Alguns abrem vastos novos horizontes, enquanto outros representam sérios desafios. No entanto, a única certeza é que o futuro depende da nossa capacidade de agir em conjunto”, explicou Tokayev, apelando à formação de uma nova geração de engenheiros e outros especialistas “capazes de compreender a importância e o desenvolvimento desta tecnologia”.
“Devemos tomar medidas eficazes para evitar que a tecnologia exacerbe a desigualdade social e seja usada como ferramenta para manipular o comportamento e as escolhas dos cidadãos. Não devemos permitir que algoritmos imponham certos valores e modelos universais de pensamento, diminuindo assim a diversidade cultural mundial e favorecendo certos grupos privilegiados. Justiça significa que a tecnologia serve a todos, não apenas a alguns poucos selecionados”, acrescentou o Presidente.
Concluindo, o Chefe de Estado lembrou que a inteligência artificial pode imitar a razão, é capaz de análise e previsão, mas não pode sentir, sonhar ou fantasiar como os humanos.
“A tecnologia é chamada a servir o benefício de todas as pessoas.” “Mas não importa o quão avançada a IA se torne, o pensamento humano inevitavelmente a ultrapassará. Filosofia, cultura e educação devem desempenhar um papel fundamental nessa empreitada. Em outras palavras, um futuro brilhante só será possível graças à sinergia entre o potencial ilimitado dos humanos e as capacidades tecnológicas únicas das máquinas”, concluiu Kassym-Jomart Tokayev.