O governo do Reino Unido confirmou uma nova cota de 45 mil vistos de trabalho sazonal para 2025, beneficiando os setores de agricultura e horticultura. A decisão surge em meio a crescentes preocupações com a segurança alimentar no país. E também à necessidade de garantir estabilidade no abastecimento de produtos, uma vez que a mão de obra local continua escassa para essas atividades.
O programa de vistos de trabalho sazonal foi criado após o Brexit, quando o Reino Unido se separou da União Europeia em 2020. Antes disso, produtores agrícolas tinham acesso facilitado a trabalhadores de toda a Europa. Com a saída, o governo precisou adotar soluções para enfrentar a falta de mão de obra. O programa, que inicialmente era temporário, ganhou uma prorrogação devido à sua importância estratégica para a produção de alimentos.
Segurança alimentar e riscos de exploração
O comitê consultivo de migração do Reino Unido já havia recomendado a continuidade e a expansão do programa, citando preocupações com prateleiras vazias e preços mais altos devido à dependência de importações. “A manutenção do programa é fundamental para garantir que a produção doméstica seja preservada e que os agricultores possam planejar suas operações”, afirmou Daniel Zeichner, ministro da Segurança Alimentar.
No entanto, o programa enfrenta críticas. Organizações defensoras dos direitos dos trabalhadores destacam o risco de exploração, especialmente porque os trabalhadores sazonais têm pouco poder para mudar de empregador e, muitas vezes, enfrentam a obrigação de trabalhar em locais remotos e sob condições rígidas. Valeria Ragni, do Centro de Apoio ao Trabalhador na Escócia, relatou casos de metas inatingíveis, moradias precárias e abusos trabalhistas.
Esforços para maior proteção
Em resposta às preocupações, o governo britânico afirmou que está ampliando as inspeções e colaborando com o setor para realizar verificações de conformidade. Uma pesquisa de 2023 mostrou que mais de 90% dos trabalhadores avaliaram sua experiência de forma positiva, mas ativistas ainda pedem mudanças significativas. Entre as propostas está a flexibilização para que trabalhadores possam trocar de empregador sem medo de represálias, além de medidas para prevenir taxas abusivas impostas por intermediários.
O Reino Unido segue buscando um equilíbrio entre a necessidade de garantir segurança alimentar e a responsabilidade de proteger os direitos de trabalhadores migrantes que contribuem para o setor agrícola.
Fonte: Agroemcampo