Eu faço aquilo que é de mim,
Numa linguagem que não tem fim
Mostrando o canto que sai assim.
Eu faço versos desde pequeno,
De todas formas, como rebentos,
Alinhavados, ao sol e ao vento.
São redondilhas, medidas novas,
Quadras que brotam numa desova
Que me acossa em cada trova.
São cantos livres ou enclausurados,
Questionamentos tão sem cuidados,
Efeitos canoros, espanto alternado.
Assim vem o tom do molde talhado
No ritmo, no som do efeito arrojado,
Elisão, escansão, num mar misturado.
No fim, nasce a rima interpolada,
Cruzada, abraçada, emparelhada,
Sonora em junção, formosa na lavra.
Eu faço aquilo que consigo fazer,
Soltar a emoção, cantar com prazer,
E, no fim da embolada, obscurecer.
Raul de Taunay, Brazzaville, 28 de setembro de 2019)