Idealizado pela organização não governamental Migraflix e apoiado pela Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), o projeto Raízes da Cozinha capacitou 20 pessoas refugiadas e migrantes ao longo de cinco meses para que elas pudessem abrir seu próprio negócio gastronômico em São Paulo.
Idealizado pela organização não governamental Migraflix e apoiado pela Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), o projeto Raízes da Cozinha foi encerrado no sábado (9) após cinco meses de capacitação de 20 pessoas refugiadas e migrantes para que elas pudessem abrir seu próprio negócio gastronômico em São Paulo. Dos projetos apresentados, quatro foram selecionados, e já no início de 2018 contarão com aportes do setor privado.
Foram horas de cálculos, planejamento, estudos, pesquisas e mentorias ao longo da formação. Houve também atividades práticas de seleção e estoque de alimentos, degustação de temperos e visitas técnicas a restaurantes, que asseguraram o preparo de pratos que dialogam com diferentes culturas.
“Fiquei muito emocionada quando o meu nome foi anunciado como uma das selecionadas pelo investidor. Me esforcei muito para recomeçar minha vida no Brasil depois de ter que deixar meu país, criando aqui uma nova profissão que é fruto do amor e da dedicação por este projeto que, agora, se tornará a fonte de sustento de minha família”, disse a venezuelana Yilmary.
Yilmary é terapeuta ocupacional e chegou ao Brasil há um ano e meio. Por conta dos altos custos para revalidar seu diploma, não conseguiu atuar profissionalmente dentro da sua área de formação e então decidiu se reinventar. Começou vendendo bolos e salgadinhos caseiros em um ponto de ônibus, para o café da manhã. Agora, seu projeto “Tentaciones de Venezuela” ganhará as ruas de São Paulo por meio de um food truck no próximo ano.
Outro profissional que teve que se adaptar à nova realidade foi Carlos Daniel, que era jornalista na Venezuela e que, agora no Brasil, teve seu projeto de abertura de um café-restaurante selecionado por um investidor privado.
“Participei de todas as etapas do Raízes na Cozinha e foi uma experiência gratificante. Há um tempo venho fazendo o serviço de ‘catering’ como uma forma de gerar renda, e peguei gosto pelo preparo de alimentos saudáveis e orgânicos. O que era um passatempo foi se tornando um negócio mais sério e agora é seguir com esse trabalho que faremos em família”, disse.
Os outros dois projetos selecionados que receberão investimentos foram o “Macondo Raízes Colombianas”, do chef já profissional Jair Afonso, que montará um restaurante, e o “Arepas Urbanika”, da também colombiana Liliana Garzon, que transformará sua food bike em um food truck.
O projeto Raízes da Cozinha é uma iniciativa implantada em São Paulo, considerada uma das maiores capitais gastronômicas da América do Sul, como resposta à existente demanda de pessoas refugiadas e migrantes que têm na gastronomia uma forma de geração de renda para suas famílias.
Todos os 20 projetos capacitados no programa terão acesso e destaque no UberEats, serviço de entrega de pedidos da Uber. Os dez melhores projetos selecionados por um júri técnico receberam créditos para anúncios no Facebook.
Além disso, três selecionados receberam eletrodomésticos da marca Consul, fornecidos pelo instituto Consulado da Mulher. O ACNUR e as empresas citadas são parceiros do projeto ao lado do Food Truck Buzina e da Escola Wilma Kovesi de Cozinha.
Sobre o Migraflix
O Migraflix é uma ONG criada em 2015 cujo objetivo é promover iniciativas que integrem refugiados e migrantes por meio da divulgação de suas culturas e valores.
Atua por meio de projetos de empreendedorismo (como workshops culturais, catering e palestras motivacionais) e iniciativas como o Raízes da Cozinha, que promove a capacitação e o empoderamento dessa população. Mais informações em www.migraflix.com.br.
Fonte: ONU Brasil