O Fórum de Mídia e Think Tank do BRICS, realizado nesta semana no Rio de Janeiro, reuniu vozes do Sul Global para reformular conjuntamente o sistema narrativo e aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais.
O evento serviu como um encontro crucial para mais de 250 representantes de meios de comunicação, think tanks, instituições governamentais e empresas de 36 países, incluindo Estados-membros do BRICS, nações parceiras e organizações regionais.
Com base no amplo consenso dos participantes, o fórum avançou em uma série de tópicos críticos sob o tema “BRICS Unido: Forjando um Novo Capítulo para o Sul Global”. As discussões se concentraram no papel do BRICS na liderança do desenvolvimento do Sul Global, na construção de um novo futuro digital e na amplificação da voz do Sul Global no cenário internacional.
CONSTRUINDO UM FUTURO DIGITAL COMPARTILHADO
Uma iniciativa sobre a cooperação e o desenvolvimento de inteligência artificial (IA) foi revelada no fórum, após extensas discussões entre os participantes sobre os papéis e responsabilidades da mídia e dos think tanks no avanço da colaboração em IA, na formação de estruturas de governança e no estabelecimento de padrões técnicos para o Sul Global.
Destacando o impulso significativo da IA na comunicação global, cooperação industrial e compartilhamento de conhecimentos, a iniciativa observou que a mídia e os think tanks do BRICS, como uma comunidade de sabedoria coletiva entre mercados emergentes e países em desenvolvimento, devem basear seus esforços nas realidades do Sul Global. A iniciativa pediu a promoção de uma abordagem colaborativa de pesquisa e desenvolvimento, padrões e governança para garantir que os benefícios da IA sejam compartilhados globalmente.
Embora a IA tenha um grande potencial para melhorar a qualidade de vida em todo o mundo, o entusiasmo por seus benefícios não deve ofuscar os riscos potenciais representados pelo uso intencional e não intencional de seus aplicativos, disse Edson Prestes e Silva Junior, professor titular do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
“Portanto, precisamos fortalecer a colaboração entre nossos países e entre os diferentes segmentos de nossas sociedades, e é exatamente isso que estamos fazendo agora”, disse ele no fórum. “Só então seremos capazes de tornar o domínio da IA benéfico para nossas sociedades, agora e no futuro.”
MOLDANDO A GOVERNANÇA GLOBAL
Em um mundo marcado por tensões geopolíticas, desigualdades persistentes e necessidade urgente de uma governança global mais representativa, o grupo BRICS emergiu como uma plataforma fundamental para se envolver com economias emergentes, disse Luis Rene Fernandez Tabio, professor titular do Centro Internacional de Pesquisa Econômica da Universidade de Havana, Cuba.
Ecoando sua opinião, José Juan Sanchez, chefe do provedor de informações financeiras e agrícolas do Brasil, CMA Group, disse que, apesar de suas diferenças políticas e econômicas, os países do BRICS compartilham algumas vantagens estratégicas que podem ser aproveitadas para promover o desenvolvimento do Sul Global e ampliar sua influência nos assuntos globais.
Os países do BRICS possuem forte influência econômica, recursos naturais abundantes, experiência em desenvolvimento e capacidade de financiamento, posicionando-os como líderes naturais no apoio ao Sul Global, observou Sanchez. Ele acrescentou que, agindo coletivamente e promovendo a cooperação, o BRICS pode remodelar a ordem global para ser mais multipolar, inclusiva e justa.
Ali Muhammad Ali, diretor-gerente da Agência de Notícias da Nigéria, disse que o BRICS “não é apenas um agrupamento de economias emergentes, somos uma força a ser reconhecida e nossa influência está crescendo dia a dia”.
“Para a Nigéria, ingressar no BRICS não é complicado. Estamos estrategicamente posicionados na África e estamos ansiosos para reformular a governança global, desafiar as instituições dominadas pelo Ocidente e impulsionar reformas sistêmicas”, acrescentou.
AMPLIFICANDO A VOZ DO SUL GLOBAL
“Estamos vivendo uma era transformadora – na qual a dinâmica do poder global está mudando e as vozes negligenciadas do Sul Global estão finalmente ganhando clareza, força e reconhecimento”, disse Wong Chun Wai, presidente da Agência Nacional de Notícias da Malásia.
O BRICS oferece uma voz alternativa – uma que defende a multipolaridade, a soberania e a justiça na governança global, observou Wong. “A ascensão do BRICS não é um fenômeno isolado. É parte de um despertar mais amplo do Sul Global, que está se afirmando como uma força central nos assuntos internacionais.”
Mikhail Gusman, primeiro vice-diretor-geral da TASS, disse que a mídia global está enfrentando desafios sem precedentes: um dilúvio de desinformação, revisionismo histórico e interrupções tecnológicas corroendo os próprios fundamentos da verdade.
Como uma aliança dinâmica que incorpora a voz das economias emergentes e da diversidade civilizacional, o BRICS desempenha um papel decisivo no avanço do objetivo de fortalecer uma ordem internacional justa, multipolar e baseada em regras, acrescentou Gusman.
A voz do BRICS é “alta e clara”, disse Ali, diretor-gerente da Agência de Notícias da Nigéria, indicando que isso representa uma influência crescente além do Sul Global e está moldando a governança global, o desenvolvimento econômico e as relações internacionais.
“Vislumbramos um Sul Global próspero e um mundo mais justo e equitativo”, concluiu.
Fonte: Portuguese News