Uma equipe de pesquisadores chineses desenvolveu uma “máquina de fabricação de tijolos lunares” capaz de produzir blocos a partir do solo da Lua, aproximando da realidade a visão de ficção científica de “construir casas na Lua com materiais locais”.
O sistema de impressão 3D in situ com solo lunar, desenvolvido pelo Laboratório de Exploração do Espaço Profundo (DSEL, em inglês), com sede em Hefei, leste da China, usa energia solar concentrada para derreter e moldar o solo lunar, informou o Diário de Ciência e Tecnologia na segunda-feira.
Fabricação de tijolos na Lua
De acordo com Yang Honglun, engenheiro sênior do DSEL, a máquina usa um refletor parabólico para concentrar a energia solar, que é então transmitida por meio de um feixe de fibras ópticas. Na extremidade do feixe, a razão de concentração solar pode ultrapassar 3 mil vezes a intensidade normal. Um sistema óptico de alta precisão foca essa luz solar concentrada em um ponto minúsculo, aquecendo-o a mais de 1.300 °C para fundir o solo lunar.
Os tijolos produzidos pela máquina são inteiramente feitos com solo lunar in situ, sem a adição de quaisquer aditivos. Além disso, esses tijolos de solo lunar apresentam alta resistência e densidade, o que os torna adequados não apenas para construção de edificações, mas também para infraestrutura, como plataformas de equipamentos e pavimentação.
Desde o desenho conceitual até o desenvolvimento do protótipo, a equipe de pesquisa levou cerca de dois anos para resolver diversos desafios técnicos futuros, como a transmissão eficiente de energia e o transporte do solo lunar.
Por exemplo, a composição mineral do solo lunar varia bastante entre diferentes regiões da Lua. Para garantir que a máquina possa se adaptar a vários tipos de solo lunar, os pesquisadores desenvolveram várias amostras simuladas de solo lunar e realizaram uma série de testes na máquina antes de concluir o design final.
Construindo casas na Lua
“Apesar dos avanços da máquina de fabricação de tijolos lunares, ainda é preciso superar outras barreiras tecnológicas para construir estruturas habitáveis na Lua”, afirmou Yang.
Segundo ele, sob as condições extremas como vácuo elevado e baixa gravidade, os tijolos de solo lunar sozinhos não são suficientes para sustentar construções habitáveis.
“Esses tijolos servirão principalmente como camadas protetoras externas dos habitats. Eles devem ser integrados a módulos estruturais rígidos e módulos infláveis com revestimentos flexíveis para completar a construção de uma base lunar”, explicou.
Yang também mencionou uma série de avanços tecnológicos que vêm sendo desenvolvidos, incluindo a produção de tijolos lunares, a montagem de componentes arquitetônicos e a avaliação de estruturas de construção, bem como a validação operacional tanto da máquina de fabricação de tijolos e quanto dos processos de construção sob condições reais da superfície lunar.
Os módulos habitacionais são projetados para suportar a pressão atmosférica necessária à ocupação humana e estão preparados para se integrar à máquina de fabricação de tijolos lunares e aos robôs de construção de superfície, formando um sistema completo de edificação, acrescentou ele.
A China lançou a iniciativa da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS, em inglês), uma instalação científica experimental composta por seções na superfície e na órbita lunares. O projeto será construído em duas fases: um modelo básico previsto até 2035, na região do polo sul lunar, e um modelo expandido planejado para a década de 2040.
Até abril de 2025, um total de 17 países e organizações internacionais, além de mais de 50 instituições de pesquisa, já haviam aderido à ILRS.
Cientistas chineses produziram tijolos simulados com solo lunar e os enviaram à estação espacial chinesa por meio da nave de carga Tianzhou-8, lançada em novembro de 2024. Os astronautas a bordo da estação espacial estão encarregados de realizar experimentos de exposição espacial com esses tijolos, a fim de avaliar suas propriedades mecânicas, desempenho térmico e resistência à radiação, a fim de obter dados críticos para futuras construções lunares.
Fonte: Portuguese News