A balança comercial do Brasil com os países árabes encerrou 2023 com superávit recorde de US$ 8,67 bilhões, com aumento de 218,6% sobre o ano anterior. De acordo com os dados do período compilados pelo Departamento de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, as exportações em 2023 subiram 9,2% sobre 2022, para US$ 19,3 bilhões. As importações, por sua vez, caíram 28,9%, para US$ 10,6 bilhões. A corrente de comércio do período, que resulta na soma entre importações e exportações, foi de US$ 30 bilhões, em queda de 8,3% diante dos resultados de 2022. Em volumes, as exportações brasileiras somaram 53,7 milhões de toneladas, em alta de 5,8%, e as importações foram de 19,9 milhões de toneladas, em queda de 1,7% (na imagem acima, embarque de açúcar em navio).
Os principais produtos exportados pelo Brasil aos países árabes foram açúcares, com um total de US$ 4,93 bilhões, carnes de aves (US$ 3,2 bilhões), minério de ferro (US$ 2,7 bilhões), milho (US$ 1,7 bilhão) e soja (US$ 1,35 bilhão). Os principais produtos importados foram petróleo e derivados, em montante que ultrapassou US$ 5,7 bilhões, e fertilizantes, com importações superiores a US$ 3,5 bilhões.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, afirma que o resultado alcançado no ano passado mostra a confiança que os países árabes depositam no Brasil como garantidor da sua segurança alimentar. “Isso significa também um [elevado] grau de competitividade das exportações de proteína animal, grãos, minério de ferro, e como o mundo árabe confia na qualidade das exportações brasileiras”, diz Chohfi.
Somados, os países árabes formam o terceiro principal comprador de produtos brasileiros, atrás de China e Estados Unidos, com uma participação equivalente a 5,7% da pauta exportadora brasileira. Em 2023, as vendas externas brasileiras totalizaram US$ 339,6 bilhões, com um superávit de US$ 98,8 bilhões. O superávit obtido nas trocas comerciais com os árabes foi 8,7% do total. “O superávit com o mundo árabe é superior até à participação dos árabes no comércio exterior brasileiro, que é em torno de 5% a 6% anuais. Isso também é muito importante. Significa que o arcabouço do comércio do Brasil com os países árabes é muito sólido e vantajoso”, avalia Chohfi.
O presidente da Câmara Árabe afirma que, mesmo com números sólidos e uma parceria estabelecida, há oportunidades de ampliar a relação comercial para mais segmentos econômicos e em outras modalidades de negócios além da exportação e da importação.
“Podemos pensar, por exemplo, em termos de fármacos: o Brasil tem uma indústria importante de genéricos. Isso pode dar margem até a projetos conjuntos. Temos exemplo recente de venda de aviões da Embraer, um produto de altíssimo valor agregado. Mas temos também outros setores: o de pedras preciosas, granitos, material hospitalar. Há uma gama de produtos brasileiros que poderiam ter importância maior no intercâmbio e é nisso que a Câmara Árabe pretende trabalhar: em torno da consolidação do que já é o comércio tradicional e na abertura de novas frentes e inclusão de novas empresas, inclusive de pequenas e médias empresas”.
Entre os países, os principais destinos foram Arábia Saudita, Emirados, Argélia, Egito e Iraque. Já os principais fornecedores ao Brasil foram Arábia Saudita, Argélia, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Catar.
As informações são da ANBA.