A nona edição do Fórum Internacional de Dacar sobre Paz e Segurança na África teve início nesta segunda-feira (27) Participam do evento mais de 400 autoridades civis e militares, além de especialistas e investigadores de todos os continentes.
Segundo os organizadores, este encontro anual propõe-se a discutir “soluções para a instabilidade institucional”, além de “propor soluções africanas” para a segurança e paz no continente.
O presidente senegalês Macky Sall recebeu ilustres convidados, incluindo primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, e o vice-primeiro-ministro da Turquia, Ahmed Yildiz.
Em seu discurso, Sall lembrou os golpes militares em Burkina Faso, Guiné, Mali, Níger, mais recentemente, no Gabão. Para o mandatário, essas situações não refletem para o mundo a imagem desta “África que avança no caminho da democracia”. Dirigindo-se aos numerosos oficiais militares de vários países presentes, o presidente indicou que o continente “precisa de uma pausa para trabalhar em prol do desenvolvimento”.
Combate ao terrorismo
Presente ao evento, o primeiro-ministro de Guiné-Bissau, Geraldo Martins, recomendou a criação de uma “força anti-golpe”, que atuaria em vários países da região.
Saudando a “visão e liderança” do seu homólogo senegalês, o presidente da Mauritânia Mohamed Ould Ghazouani sustenta que a “melhoria política e social” é uma das principais chaves para enfrentar a insegurança institucional na África. Ele acredita que “até agora os resultados em termos de segurança são bastante convincentes” no seu país que partilha fronteiras com países como o Mali que convive com grupos terroristas que substituíram o Estado em certas áreas, cometendo abusos contra a população.
“Ninguém pode sentir-se seguro até que seus vizinhos estejam”, disse Ghazaouani, recordando a criação do G5 Sahel para combater o terrorismo jihadista nos principais países afetados do Sahel, norte do continente africano.
Desenvolvimento e sustentabilidade
Dizendo compartilhar destes pensamentos, o presidente Macky Sall apelou ainda pelo fim “das regras e práticas que empobrecem a África”, reforçando mais uma vez seu apelo para “reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas”, composto desde o final da Segunda Guerra Mundial dos cinco países vitoriosos numa época em que a maioria dos países africanos ainda eram colônias.
“Certamente, África é rica no seu imenso potencial. Mas as regras e práticas de trocas desiguais contribuem para o seu empobrecimento. É por isso que apelamos a uma governança política, econômica e financeira global mais justa e equitativa. Para mim, é prioritária a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Essa arquitetura mundial que se originou nos Acordos de Bretton Woods, que criou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, também não são representativos da realidade anual”, destacou.
Para Macky Sall, a África deve ser capaz de “confiar nos seus próprios recursos” para financiar o seu desenvolvimento. Tendo isto em mente, saudou a conclusão, no final de 2021, pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) do acordo final sobre uma reforma fiscal internacional que estabelece uma taxa mínima de imposto sobre as sociedades de 15%.
Ainda tratando de questões continentais, saudou a adesão da União Africana ao G20, bloco formado pelos países mais industrializados do mundo. Mas para o chefe de Estado senegalês, que liderou a União Africana no ano passado, esta dinâmica “poderia ser reforçada” pela aplicação das decisões tomadas durante as conferências internacionais sobre o clima “para uma melhor justiça climática”. Para ele, é inconcebível que os países africanos sejam proibidos de utilizar “os seus combustíveis fósseis” enquanto os países desenvolvidos, que poluem muito mais o planeta, continuem a utilizá-los.