Foi em meio às incertezas da pandemia de covid-19 que o DJ Eduardo Smith decidiu se mudar para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Com o mercado de eventos parado no Brasil, o músico, nascido em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, Distrito Federal, decidiu tentar novas oportunidades no país árabe, que havia reaberto as portas para turistas.
“Eu tinha ido pela primeira vez para Dubai em 2017 como turista e tinha gostado do destino, vi que tinha um mercado para DJs. Como estava sem trabalho por aqui, decidi me mudar, mesmo não conhecendo ninguém lá e falando apenas um pouco de inglês”, relembra Smith.
“Vendi meu carro no Brasil e fui para Dubai em outubro de 2020. Não conhecia nada da cultura do país e fiquei quase oito meses procurando trabalho como DJ. Persisti muito tentando contatos e enviando meu material para agências e casas de show. Só fazia um freela aqui ou lá na área de marketing. Foi difícil no começo me adaptar.”
Apesar das dificuldades, a aposta deu certo. Aos poucos, as portas começaram a se abrir. Primeiro, ele recebeu um convite para tocar às sextas-feiras, depois às quintas, e logo os sábados também entraram na agenda. Com o mercado de Dubai se reaquecendo, as oportunidades foram aumentando, até que Smith foi convidado para se apresentar durante a Expo 2020, que começou em outubro de 2021.
A indicação para trabalhar como DJ oficial do Pavilhão do Brasil do evento foi feita por uma das agências para a qual ele trabalhava em Dubai. “Eles queriam um DJ que já trabalhasse no país e soubesse fazer uma curadoria cultural para os desfiles e a festa de encerramento. E eu sabia fazer isso”, relembra Smith.
“Foi muito divertido me apresentar na Expo 2020. Os embaixadores, a comissão brasileira, todo mundo se divertiu muito. Parece que eles estavam numa tensão de evento e ali puderam relaxar. A experiência foi um marco para mim e ainda ajudou a validar meu trabalho em um palco global.”
Além de Dubai, o DJ brasileiro também tem interesse em ser DJ na Arábia Saudita e no Catar. “Para começar a tocar no Catar, só preciso organizar minha agenda”, afirma. Na Arábia Saudita ele deve esperar um tempinho ainda para investir.
A batida brasileira para o mundo
Criado por um pai militar e uma mãe funcionária pública, Smith teve uma infância rígida. A música, sem influência de ninguém, entrou em sua vida aos 14 anos, quando ouviu um anúncio de um curso de DJ na rádio. Com o apoio da mãe, ele se matriculou e, meses depois, se formou.
Após o curso, a carreira foi sendo construída passo a passo, com apresentações em festas, boates e casamentos em Brasília. Incentivado a continuar estudando, Smith resolveu cursar a faculdade de Publicidade e Propaganda para ajudá-lo como DJ.
“Mesmo depois de formado, com um site e divulgação, eu não era muito conhecido enquanto trabalhava no Brasil. Minha carreira só se consolidou quando fui para Dubai. Na alta temporada, que vai de outubro a março, eu chego a tocar todos os dias da semana.”
Smith conta que a facilidade de adaptação o ajudou a ser aceito. “Diferente do Brasil, onde um estilo musical pode dominar a pista por mais tempo, nos Emirados a diversidade é a regra. Você está ali na frente, muitas vezes, de 30 nacionalidades. Então você tem que agradar as 30 de uma vez só. O público não aguenta muito tempo um mesmo tipo de música, você tem que trocar muito rápido”, explica.
Essa mistura de culturas criou um nicho interessante para a música brasileira, especialmente a nostálgica. “O que faz sucesso fora do Brasil, principalmente lá onde eu estou, é MC Créu, É o Tchan, Bonde do Tigrão”, conta o brasileiro.
Além de se apresentar em outros países como Inglaterra, Irlanda, Tailândia e Maldivas, Smith já dividiu o palco com o DJ brasileiro Alok, em um show para mais de oito mil pessoas, e com um dos vocalistas do grupo norte-americano Black Eyed Peas. “Isso foi uma conquista muito grande. E é o que eu falo, a gente está abrindo o mercado para outros DJs brasileiros”, afirma.
Fonte: Anba