O Polo Industrial de Manaus (PIM), uma das maiores zonas francas industriais da América Latina, desempenha um papel fundamental na economia brasileira, especialmente na região Norte. No entanto, à medida que cresce a pressão global por práticas empresariais responsáveis, as empresas instaladas no PIM enfrentam a necessidade urgente de incorporar os princípios de ESG (Environmental, Social, and Governance) em suas operações. A adoção dessas práticas não é apenas uma questão de se alinhar às tendências de mercado, mas uma resposta vital às exigências ambientais, sociais e de governança que definem o futuro sustentável da Amazônia e do setor produtivo local, na opinião da doutora e pesquisadora em ESG em redes sociais e consultora de ESG, Lorë Kotínski.
A Amazônia é uma das regiões mais biodiversas e importantes para o equilíbrio climático do planeta, e o Polo Industrial de Manaus está no coração desse ecossistema. De acordo com ela, a atividade industrial na região, se não bem gerida, pode gerar impactos ambientais severos, como desmatamento, poluição e uso insustentável de recursos naturais. Isso torna a implementação de práticas de ESG uma necessidade urgente para mitigar esses riscos e preservar a floresta.
A questão social também é crítica. O PIM emprega milhares de pessoas, e a adoção de princípios de ESG pode trazer benefícios tangíveis para os trabalhadores e para as comunidades locais. Isso inclui melhores condições de trabalho, inclusão social, investimento em educação e saúde, além de parcerias com as comunidades indígenas e ribeirinhas. A governança responsável, por sua vez, é essencial para garantir a transparência, ética e conformidade com as leis ambientais e trabalhistas, reduzindo riscos reputacionais e regulatórios.
Lorë explica que “empresas que adotam práticas de ESG no Polo Industrial de Manaus podem obter diversas vantagens competitivas”. Primeiramente, segundo ela, ao se comprometerem com a sustentabilidade ambiental, essas empresas podem reduzir custos operacionais no longo prazo, como o uso mais eficiente de água e energia, além de evitar multas e sanções relacionadas a infrações ambientais.
Outro benefício importante apontado pela consultora é o fortalecimento da reputação. “Em um mundo cada vez mais consciente das questões ambientais e sociais, empresas que demonstram responsabilidade são vistas com melhores olhos por investidores, consumidores e parceiros de negócios. O selo de uma operação sustentável pode abrir portas para novos mercados, inclusive internacionais, onde as exigências por conformidade com ESG são ainda maiores.”
Além disso, a integração de ESG pode ajudar a atrair e reter talentos. Profissionais qualificados estão cada vez mais interessados em trabalhar em empresas que tenham um compromisso com causas sociais e ambientais. Empresas no PIM que adotam essas práticas podem se destacar no mercado de trabalho e melhorar o engajamento e a satisfação dos funcionários.
Apesar dos benefícios, a adoção de práticas de ESG no Polo Industrial de Manaus enfrenta desafios significativos. O primeiro obstáculo é a infraestrutura limitada na região. Muitos processos sustentáveis, como o tratamento adequado de resíduos e o uso de energias renováveis, dependem de uma infraestrutura robusta que ainda precisa ser ampliada. As empresas precisam investir em tecnologias limpas e eficientes, o que pode exigir altos custos iniciais.
Na opinião da consultora, outro desafio é a cultura corporativa. “Implementar ESG não se trata apenas de adotar algumas iniciativas pontuais, mas de transformar a maneira como os negócios operam. Isso exige uma mudança de mentalidade, onde as lideranças empresariais e os colaboradores compreendam e se engajem com a agenda ESG”, afirma Lorë Kotínski. Essa transformação pode ser lenta e exige treinamento, comunicação e comprometimento de todos os níveis da empresa.
A questão regulatória também impõe desafios. Embora haja incentivos fiscais associados ao PIM, as políticas governamentais relacionadas à sustentabilidade nem sempre são claras ou eficazmente aplicadas. As empresas precisam navegar por uma série de normas e legislações ambientais e trabalhistas, o que pode ser complexo e exigir maior investimento em governança e conformidade.
A urgência de incorporar práticas de ESG no Polo Industrial de Manaus, no entanto, é clara. A preservação da Amazônia, o desenvolvimento social e a responsabilidade corporativa são fatores interligados que definirão o futuro da região. As empresas que abraçarem essa transformação não apenas estarão em conformidade com as expectativas globais, mas também garantirão sua sustentabilidade econômica a longo prazo.
“O ESG não deve ser visto como um obstáculo, mas como uma oportunidade de inovação e crescimento. Ao investir em tecnologias limpas, melhorar o relacionamento com as comunidades e garantir a transparência de suas operações, as empresas no PIM podem se tornar líderes em sustentabilidade industrial. Essa liderança não só beneficiará suas operações, mas também contribuirá para a preservação da Amazônia e o desenvolvimento de um modelo econômico mais justo e equilibrado”, afirma Lorë.