O Festival de cinema de Veneza começou nesta quarta-feira (29). A edição desse ano do evento, o mais antigo do mundo, tem vários filmes latino-americanos na competição. Entre os destaques estão uma homenagem ao ex-presidente uruguaio, José Mujica, e um filme que aborda os primeiros dias do governo Lula no Brasil.
Uma das principais particularidades desta edição é a representatividade da América Latina, presente nas diferentes mostras do festival, inclusive na competição principal. Concorrem ao Leão de Ouro “Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, “Nuestro tiempo”, do mexicano Carlos Reygadas, e o argentino “Acusada”, de Gonzalo Tobal.
Já nas mostras paralelas, um dos destaques é para o brasileiro “Domingo”, de Clara Linhart e Felipe Barbosa, que concorre na seção Jornada dos Autores – Venice Days – que seleciona filmes inovadores. A obra do diretor do premiado “Gabriel e a Montanha”, conta um drama familiar ambientado no dia da primeira posse do ex-presidente Lula. “Domingo” fala de medos da classe alta de uma suposta revolução do proletariado.
Outros dois filmes brasileiros marcarão presença no festival: “Deslembro”, de Flavia Castro, na seção Horizontes; e o documentário “Humberto Mauro”, sobre o pioneiro do cinema nacional, dirigido por André Di Mauro, na seção Venice Classics.
Mujica, um ex-guerrilheiro celebrado no Lido
A irrupção em Veneza do ex-presidente uruguaio José Mujica, um político que desperta devoção em meio mundo e críticas em seu país, será um dos pratos principais da 75ª edição do festival. Serão exibidos dois filmes sobre o ex-guerrilheiro que dirigiu seu país entre 2010 e 2015, um símbolo da esquerda latino-americana, admirado por seu estilo austero e sua “revolução tranquila”.
Em homenagem ao ex-presidente, que quebrava protocolos e fez reformas como a legalização da maconha, serão apresentados o documentário “El Pepe, una vida suprema”, do reconhecido cineasta sérvio Emir Kusturica e o filme “La noche de 12 años” do uruguaio Álvaro Brechner. Na obra, Mujica conta sua longa prisão em condições sub-humanas, sua luta para sobreviver e o valor da introspecção.
O ex-chefe de Estado de 83 anos, que deixou recentemente seu cargo no Senado para se dedicar à “batalha das ideias”, confirmou sua presença no evento.
O júri internacional da competição oficial será presidido pelo mexicano Guillermo del Toro, vencedor do Leão de Ouro no ano passado com “A forma da água”, premiado também com quatro estatuetas em Hollywood. O Festival de Cinema de Veneza vai até o dia 8 de setembro.