Enquanto o mundo presencia uma reorganização das alianças militares e tecnológicas, o Brasil amplia sua presença internacional na área da defesa.
De acordo com informações do portal Plano Brazil, entre os dias 25 de outubro e 3 de novembro, o Comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, realiza uma visita oficial à Turquia, com passagens pelas cidades de Ancara e Istambul.
A viagem ocorre em um momento de aproximação crescente entre os dois países, marcada por novos acordos de cooperação militar, licitações estratégicas e o intercâmbio de tecnologias de defesa.
De acordo com informações divulgadas sobre a agenda, o general Ribeiro Paiva deverá se reunir com autoridades turcas e representantes da indústria de defesa, incluindo visitas a instalações em Ancara e Istambul
Fortalecimento da parceria bilateral
A relação militar entre Brasil e Turquia vem se intensificando desde 2023, quando os dois governos assinaram um acordo de cooperação em defesa, abrindo espaço para a participação de empresas turcas em licitações brasileiras.
Entre os principais projetos em curso está a concorrência para veículos de combate de infantaria (IFV) e carros de combate leve, na qual a empresa turca Otokar disputa com seu blindado TULPAR, um dos finalistas do processo conduzido pelo Exército Brasileiro.
Além disso, estão em andamento tratativas sobre a possível exportação da aeronave Embraer KC-390 para a Turquia, reforçando o interesse mútuo em tecnologias aeronáuticas e de transporte militar.
Essas discussões indicam um esforço brasileiro para diversificar suas parcerias internacionais, reduzindo dependências históricas e buscando inovação em setores estratégicos da defesa.
Avanços tecnológicos e intercâmbio industrial
Nos últimos meses, a cooperação Brasil–Turquia gerou resultados concretos.
O motor a jato KTJ-3200, produzido pela empresa Kale Jet Engines, foi selecionado para equipar o míssil antinavio brasileiro MANSUP-ER, desenvolvido pela Marinha do Brasil.
Outro avanço foi a exportação da metralhadora turca CANiK M2 QCB, calibre 12,7 mm, utilizada por forças armadas de diversos países da OTAN.
Também merece destaque o Memorando de Entendimento entre a Embraer e a TUSAŞ (Turkish Aerospace Industries), que prevê cooperação em aeronaves da série E2, ampliando o diálogo entre as duas indústrias de aviação.
Essas iniciativas reforçam a busca por integração tecnológica e compartilhamento de conhecimento entre as nações.
Diplomacia militar e expansão internacional
Durante sua estada, o general Ribeiro Paiva deve discutir novas possibilidades de cooperação técnica, treinamento conjunto e intercâmbio de oficiais.
A Turquia é hoje um dos principais polos industriais de defesa do mundo, com forte presença em mercados da Europa, Oriente Médio e Ásia Central.
O país é reconhecido por desenvolver drones militares, blindados avançados e sistemas de mísseis de longo alcance, o que o torna um parceiro estratégico para o Brasil em projetos de modernização das Forças Armadas.
Segundo o Ministério da Defesa, a visita à Turquia faz parte da política de ampliação das parcerias internacionais estabelecida pelo governo brasileiro, especialmente em áreas que envolvem transferência de tecnologia e cooperação industrial.
A aproximação também reflete o interesse do Brasil em fortalecer sua Base Industrial de Defesa (BID), um dos pilares da Estratégia Nacional de Defesa.
Encontros recentes e continuidade da cooperação
Em setembro de 2024, o Exército Brasileiro recebeu uma comitiva turca em Brasília, chefiada pelo general de divisão Fedaii Ünsal, para uma série de reuniões no Comando de Operações Terrestres (COTER).
Durante o encontro, os militares turcos tiveram acesso ao processo de produção doutrinária do Exército Brasileiro, conheceram o Sistema Combatente Brasileiro (COBRA) e acompanharam demonstrações sobre o Espaço de Trabalho Interativo de Doutrina, plataforma voltada à inovação operacional.
A visita também incluiu passagens por centros de treinamento e estruturas de ensino militar, como o Centro de Doutrina do Exército, responsável por atualizar as práticas e os conceitos operacionais da força terrestre.
Segundo o COTER, essas iniciativas reforçam o compromisso bilateral com a modernização e a interoperabilidade em missões internacionais.
Fonte: sociedademilitar