Segundo analistas, o novo acordo fortalece a posição do Brasil no mercado global ao ampliar exportações agrícolas e abrir espaço para produtos industriais europeus
O acordo União Europeia–Mercosul marca um dos maiores avanços comerciais das últimas décadas, eliminando tarifas em 91% dos produtos negociados entre os blocos. Para o Brasil, o impacto é direto: além de consolidar-se como fornecedor essencial de alimentos para a Europa, o país ganha espaço em um mercado altamente competitivo e exigente.
De acordo com analistas, esse tratado altera de forma significativa a dinâmica geopolítica do comércio global. A Europa busca reduzir sua dependência dos Estados Unidos e da China, enquanto o Mercosul garante maior estabilidade para seus principais produtos, especialmente carne, soja, açúcar e café.
Por que o acordo representa uma mudança histórica
O acordo União Europeia–Mercosul vinha sendo negociado há mais de 20 anos e enfrentava resistências internas, sobretudo da França, devido às preocupações ambientais e com a concorrência agrícola. A decisão de Bruxelas de abrir mão de barreiras tarifárias agrícolas em larga escala representa um tabu quebrado e demonstra a urgência em diversificar fornecedores diante da crise energética e das tensões comerciais globais.
Para o Brasil, que sozinho responde por cerca de 75% do PIB do Mercosul, o tratado amplia o acesso a um dos mercados mais ricos do mundo. Produtos como carne bovina, aves, arroz, mel, açúcar e derivados terão novas cotas de exportação, muitas delas com tarifas reduzidas ou até isentas.
Ganhos europeus e reação de agricultores locais
Do lado europeu, a grande conquista está na abertura do mercado sul-americano para setores estratégicos.
Carros, peças automotivas, máquinas industriais e produtos químicos terão tarifas reduzidas, o que pode recuperar parte do espaço perdido para a China no Brasil.
Para a indústria automotiva alemã, por exemplo, o acordo é visto como um movimento essencial diante da crescente presença de fabricantes chineses como a BYD.
Apesar do otimismo, agricultores europeus denunciam concorrência desleal. Eles alegam que os custos de produção no Brasil são menores e que as regras ambientais são menos rígidas.
Ainda assim, o cálculo político em Bruxelas foi claro: a necessidade de estabilidade econômica e de novos parceiros pesou mais do que as pressões internas.
O papel estratégico do Brasil no novo cenário
Mais do que apenas números de exportação, o tratado reposiciona o Brasil como ator central na segurança alimentar europeia.
A União Europeia passa a contar com o país como fornecedor confiável em um momento de instabilidade global.
Em contrapartida, abre portas para sua indústria avançada, reforçando a lógica de interdependência econômica.
A parceria também tem um componente geopolítico. Ao estreitar relações com o Mercosul, a Europa reduz sua vulnerabilidade em relação aos Estados Unidos e à China, criando um novo eixo de cooperação com a América do Sul.
Esse movimento pode redefinir fluxos de comércio globais nos próximos anos.
O acordo União Europeia–Mercosul é um divisor de águas para os dois blocos.
Para o Brasil, significa consolidar seu papel como potência agrícola mundial e fortalecer sua relevância estratégica.
Para a Europa, abre espaço para sua indústria e cria alternativas diante da crise de confiança nas relações com Washington e Pequim.
Fonte: clickpetroleoegas