Três músicos com vestes tradicionais do Bahrein, em branco e vermelho, estavam no palco. Com eles o oud e qanun, dois instrumentos musicais tradicionais do mundo árabe, além do teclado. E foi assim que, transportando os convidados ao ambiente dos cantos e das músicas da sua região, o Bahrein celebrou os 50 anos de relações diplomáticas com o Brasil na capital paulista, em evento no Auditório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na quinta-feira (26) pela noite.
Promovido pela Embaixada do Bahrein no Brasil e pela Câmara Árabe, com apoio do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas, o encontro reuniu autoridades, empresários, diplomatas, religiosos e demais personalidades do Brasil e exterior para comemorar com música, coquetel e visitação oral a trajetória do relacionamento Brasil-Bahrein. Antes do concerto musical, lideranças falaram sobre os 50 anos da história entre os dois países.
O marco, cuja data oficial é 26 de junho de 1974, coincide com as celebrações do jubileu de prata da ascensão ao trono do Rei do Bahrein, Hamad bin Isa Al Khalifa. “Cinquenta anos após o estabelecimento das relações entre os nossos países, estamos perante muitas conquistas alcançadas nos níveis político, econômico, de defesa, cultural, esportivo e em muitas outras áreas vitais de interesse comum”, disse o embaixador do Bahrein no Brasil, Bader Abbas Alhelaibi, no evento.
Alhelaibi destacou as iniciativas do Rei do Bahrein e do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pela cooperação e coordenação dos países nos níveis político, econômico e outros, com a realização de quatro rodadas de consultas políticas entre os ministérios das Relações Exteriores do Bahrein e do Brasil e expectativa da quinta em breve. “A balança comercial registrou números sem precedentes nos últimos anos, o que reflete a força das relações entre os dois países amigos”, disse.
Brasil e Bahrein tiveram neste ano, de janeiro a agosto, um comércio de US$ 891 milhões, dos quais US$ 739,5 milhões foram exportações brasileiras e US$ 151,5 milhões vendas do Bahrein. Os brasileiros fornecem ao país árabe principalmente minério, carne de frango, açúcar e carne bovina, enquanto o maior volume de exportação do Bahrein ao Brasil é de petróleo, fertilizantes e alumínio.
O presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, falou sobre esse comércio, relevante e complementar, segundo ele. “Nesses 50 anos de relacionamento, Brasil e Bahrein vêm construindo uma relação bilateral marcada por um comércio relevante, de caráter complementar entre si, além de uma relação sempre fraterna e cada vez mais estreita”, disse aos presentes.
Chohfi lembrou que o Bahrein abriu sua embaixada no Brasil em 2018 e que o Brasil fez o mesmo, em 2021, no Bahrein. Desde então, as visitas de chefes de Estado e encontros de alto nível aumentaram de forma significativa e os países passaram a trabalhar de forma mais intensa em acordos. “É importante destacar que o comércio bilateral entre Bahrein e Brasil dobrou de volume, atingindo a marca de US$ 1,3 bilhão em 2023, o que coloca o Bahrein entre as principais parcerias comerciais brasileiras no Oriente Médio”, disse.
O presidente da Câmara Árabe lembrou que recentemente o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, participou de reunião ministerial do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) e teve encontros com os chanceleres dos países, entre eles do Bahrein. “Como diplomata que fui, celebro a importância da criação de um mecanismo de consultas políticas entre o Brasil e os países do Conselho de Cooperação do Golfo para intensificar os contatos entre as regiões”, disse.
Representando o governador Tarcísio de Freitas, o chefe da Assessoria Internacional do Governo do Estado de São Paulo, Samo Tosatti, disse que o Bahrein tem em São Paulo um grande amigo e destacou os atributos do país árabe. “Embora jovem, o Bahrein é uma nação muito próspera, é uma nação que se pegarmos os últimos dez anos, tem crescido, em média, mais de 2% ao ano, praticamente 3% ao ano”, disse.
Tosatti lembrou que há grande população estrangeira no Bahrein. “O que mostra a capacidade do país de convivência e tolerância. É um exemplo para o mundo”, falou, discorrendo ainda sobre as similaridades entre o estado de São Paulo e o Bahrein, e, nesse contexto, citando a liberdade econômica, o fato de São Paulo ter o maior PIB per capita e o maior índice de inovação do Brasil. “São duas regiões muito prósperas”, falou.
Oud e Qanun
Depois das falas, os presentes desfrutaram de quase uma hora de música árabe. Antes da apresentação, Alhelaibi disse que a cultura desempenha um papel importante na construção de pontes de comunicação cultural e artística entre os povos, inclusive na aproximação Brasil-Bahrein. Segundo ele, a capoeira e a dança do Bahrein, por exemplo, são semelhantes porque as duas têm artes marciais.
O grupo que se apresentou foi a Banda Musical da Autoridade de Cultura e Antiguidades do Bahrein. O trio trouxe desde sons melancólicos até festivos, quase sempre em cima das temáticas do amor, em um repertório não só do Bahrein, mas de todo o mundo árabe, de países como Marrocos, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbano. A banda costuma se apresentar no Bahrein e também no exterior.
Participaram do evento os embaixadores dos países árabes no Brasil, como Nabil Adghoghi, do Marrocos, Ahmad Mohammed Ali Mohamed Alshebani, do Catar, Ibrahim Alzeben, da Palestina e decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, o encarregado de Negócios da Embaixada do Kuwait, Ibrahim Altourah, o cônsul-geral dos Emirados em São Paulo, cônsul-geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo é Abdalla Shaheen, o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL), o vice-presidente de Relações Internacionais e secretário-geral da Câmara Árabe, Mohamad Mourad, entre outras lideranças da entidade e convidados.
Fonte: Anba