Nesta quarta-feira, 18 de outubro, o presidente francês Emmanuel Macron abrirá em Paris a primeira reunião da Coalizão Global de Alimentação Escolar, que se estenderá por dois dias. A iniciativa, lançada em 2021 pela França e pela Finlândia, com o apoio do Programa Alimentar Global, tem o objetivo de viabilizar, até 2023, o acesso de todas as crianças a refeições escolares necessárias à sua aprendizagem e ao seu crescimento.
Em um momento em que o mundo enfrenta múltiplos desafios, em particular o agravamento da insegurança alimentar, das limitações dos sistemas alimentares não sustentáveis e das deficiências dos sistemas educacionais, a cúpula nos permitirá trabalhar na implementação de uma solução simples, porém eficaz: proporcionar a todas as crianças no mundo uma refeição saudável e nutritiva na escola.
Entre as 349 milhões de pessoas que estão hoje em alto risco de insegurança alimentar no mundo, 153 milhões são crianças e jovens. A alimentação escolar desempenha um papel central no tratamento dessa urgência, além de atuar como um excelente catalisador para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável a longo prazo.
A alimentação escolar contribui para a hidratação, a nutrição e a saúde das crianças, oferecendo-lhes alimentos saudáveis e nutritivos. Facilita, ainda, o acesso à educação, permitindo o prolongamento da escolarização e favorecendo aprendizagens, além de contribuir para a igualdade entre meninas e meninos, evitando qualquer forma de discriminação no acesso às condições necessárias à sua aprendizagem e ao seu crescimento.
A alimentação escolar também é geradora de empregos: essa ferramenta, que representa em muitos países o principal destino dos gastos governamentais na área da alimentação, pode servir como uma importante alavanca para o desenvolvimento agrícola local quando usada de forma a proporcionar aos produtores visibilidade e estabilidade na demanda. Em 2022, 4 milhões de empregos foram criados graças a esses programas, muitos deles para mulheres.
As refeições escolares também têm o potencial de favorecer a criação de sistemas alimentares sustentáveis, em um momento em que os sistemas alimentares representam mais de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa e o uso de energias fósseis torna a produção agrícola mais cara.
Essa coalizão promove métodos agrícolas mais sustentáveis, modelos de circuito curto de produção e abastecimento alimentar (da fazenda ao prato da cantina), e hábitos de combate ao desperdício, tendo como ambição desenvolvê-los em escala global.
Comprometida com essa missão, a Coalizão Global de Alimentação Escolar conta hoje com o apoio de 90 Estados membros, além da União Europeia e da União Africana. Inclusiva por natureza, a Coalização reúne cerca de 100 parceiros de diversos horizontes (instituições científicas, fundações, ONGs, agências da ONU, municipalidades e diversos outros atores). Novas adesões e compromissos adicionais serão anunciados em outubro, durante a Cúpula. A conferência também será o momento de compartilhar as experiências dos atores que aplicam diretamente e cotidianamente as políticas de alimentação escolar em nível local, principalmente os municípios, dos quais muitos já cooperam no âmbito de redes de cidades comprometidas com a nutrição, e os grupos parlamentares engajados nessa causa.
A Coalização também ilustra o sucesso das parcerias multilaterais no enfrentamento dos desafios comuns. O primeiro objetivo da Coalizão já foi cumprido: recuperar os resultados alcançados antes da do fechamento das escolas durante a pandemia de COVID-19, que impediu o acesso de inúmeras crianças à alimentação escolar no mundo todo. Hoje, um total de 418 milhões de crianças tem acesso a uma refeição escolar diária, traduzindo um aumento de 30 milhões em relação a 2019. Da mesma forma, a parcela de financiamento público para a alimentação escolar em países de baixa renda aumentou de cerca de 30% em 2020 para 45% em 2022, apesar das dificuldades orçamentárias que diversas crises têm trazido a muitos países.
No contexto atual, marcado pelo agravamento da insegurança alimentar no mundo diante da agressão da Rússia contra a Ucrânia, pela persistência da fome crônica em muitas regiões, e pelo aumento da inflação em vários países, torna-se crucial a mobilização de todos para garantir que todas as crianças tenham acesso a uma alimentação suficiente, saudável, nutritiva e de qualidade.
As informações são da Embaixada da França