Representantes do Ministério de Relações Exteriores e do Palácio do Planalto afirmam que as explicações do embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, sobre a visita de dois dias do ex-presidente Bolsonaro, na Embaixada da Hungria em fevereiro não convenceram a diplomacia brasileira e a partir de agora o caso segue com a Polícia Federal.
Fonte do governo brasileiro acredita que, o embaixador agiu com ordens de Budapeste, uma vez que o presidente húngaro, Victor Orban, trata Bolsonaro como aliado. “Nunca vimos isto antes” disse uma fonte que preferiu não se identificar.
A Reunião
O Embaixador da Hungria, esteve no Itamaraty no final da tarde desta segunda-feira (25),por cerca de 20 minutos,com a embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte da pasta.
Segundo fontes do Itamaraty e do Planalto, o embaixador foi bem técnico, não quis aprofundar explicações e deu respostas curtas sem explicar detalhes. Ele teria alegado que receber pessoas na embaixada é algo normal, que faz parte das atribuições da representação húngara. Teria dito ainda que há uma relação de amizade entre o governo de Orban e Bolsonaro e que conversou com ex-presidente sobre assuntos diversos de interesse comum.
Ainda segundo fontes diplomáticas, o discurso do embaixador estava muito alinhado com o que foi apresentado pela defesa de Bolsonaro, causando a impressão de que houve algo combinado entre as partes, já que não é procedimento normal , um político se hospedar em uma embaixada.
Outro fato é que a Embaixada da Hungria não é um exemplo de conforto, já que o prédio é antigo e possui pouca reforma desde a sua construção, afirma um ex funcionário.
Mesmo que o embaixador não tenha dado explicações suficientes, o Itamaraty afirma que a convocação serviu para a diplomacia brasileira passar o recado de que repreende a acolhida a Bolsonaro na embaixada.
Bolsonaro se escondeu em embaixada após ter passaporte apreendido, diz jornal NY Times — Foto: Reprodução/NY Times
por outro lado em um comunicado divulgado à imprensa, os advogados do ex-presidente disseram que ele “passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo” e que, no período, o ex-presidente “conversou com diversas autoridades húngaras “atualizando os cenários políticos das duas nações”.