A Arábia Saudita, com seus quase 40 milhões de habitantes, tem um consumo per capita de 120 quilos de hortaliças por ano, bem acima do que os brasileiros comem, cerca de um terço dessa quantidade. Com base nisso e na capacidade econômica do país árabe, que tem o 19º maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, os produtores de sementes de hortaliças do Brasil estão de olho nesse mercado desde que ele foi aberto pelo governo brasileiro neste ano.
“Seguramente significa muito um mercado desta magnitude”, disse para a reportagem da ANBA, mencionando os números acima, o gerente da empresa Feltrin Sementes e especialista em produção e exportação da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSem), Eloir dos Santos Mello.
No final de março, o Ministério da Agricultura e Pecuária informou a abertura do mercado saudita de sementes de variadas espécies para o Brasil, resultado de ação conjunta com o Ministério das Relações Exteriores. Segundo a nota divulgada na época, a Arábia Saudita tem crescente demanda na importação de sementes, impulsionada por um programa local de desenvolvimento da produção de hortaliças em estufas.
“Acredita-se que o mercado foi aberto, em especial, para sementes de hortaliças”, afirma Mello. O gerente entende que a demanda saudita por sementes de hortaliças de estufas é especialmente de tomate, berinjela, pepino, pimenta e pimentão. “Já para um segundo momento, em campo aberto, sementes de abóbora, abobrinha, cenoura, cebola e melancia”, afirma.
O Brasil é um grande produtor de sementes, com mais de duas milhões de toneladas geradas ao ano. “Produzimos praticamente todas as espécies, mas algumas ainda importamos. Somos fortes em abóboras, abobrinhas, alface, cebola, cenoura, coentro, melancia, pepino, pimentão, salsa e tomate”, afirma. Exportador de sementes
O Brasil também exporta as sementes, especialmente para as Américas do Sul e Central e para o continente africano. Segundo ele, o Brasil se destaca nas remessas de sementes de abóboras, abobrinhas, cebola, cenoura, melancia, pepino, pimentão e tomate. A qualidade na produção e o investimento em melhoramento genético fazem o País ter destaque nessa exportação, de acordo com o gerente.
Por isso, o setor não vê dificuldade de fornecer sementes adequadas aos sauditas, apesar do clima árido do país árabe. “No nosso setor sempre são feitos testes agronômicos para identificar cultivares que se adaptam ao solo, clima, região e edafoclimática e só depois dos testes é que há exportação comercial”, diz Mello. Ele acredita que a abertura do mercado da Arábia Saudita para o Brasil também se deu pela impulsão, nas últimas duas décadas, do profissionalismo das empresas do País no melhoramento genético de algumas espécies.