A nova parceria firmada entre Brasil e Coreia do Sul marca um ponto de virada na indústria de defesa mundial. O memorando de entendimento (MoU), assinado em Seul no dia 22 de outubro de 2025, prevê cooperação tecnológica, transferência de conhecimento e codesenvolvimento de sistemas de defesa entre os dois países — um passo inédito que desperta atenção de potências como os Estados Unidos e a China.
Segundo o Ministério da Defesa sul-coreano, o acordo abrange áreas de aviação, artilharia, comunicações e cibersegurança, e inclui estudos conjuntos sobre sistemas de propulsão, radares e veículos militares de próxima geração. O documento foi assinado pelo vice-ministro de Defesa da Coreia, Kim Seung Ho, e pelo embaixador brasileiro em Seul, Márcio Fagundes, representando o governo brasileiro.
Uma aproximação estratégica com objetivos diferentes
Para a Coreia do Sul, o Brasil representa um parceiro de enorme potencial industrial e político. A nação asiática busca expandir sua presença na América Latina, onde já mantém contratos bilionários de exportação de blindados K2 Black Panther e obuseiros K9 Thunder com países da OTAN e do Oriente Médio.
No caso brasileiro, a motivação é clara: diversificar fornecedores de tecnologia militar e reduzir a dependência histórica de sistemas norte-americanos e europeus. A parceria surge em um momento de tensões regionais crescentes, especialmente nas fronteiras amazônicas e no Atlântico Sul, áreas que o Brasil classifica como estratégicas para sua defesa.
De acordo com fontes do Itamaraty, o novo acordo poderá abrir caminho para a produção conjunta de veículos blindados, drones e sistemas de mísseis de médio alcance, além de programas de treinamento e intercâmbio entre as forças armadas dos dois países.
Tecnologia e indústria nacional no centro do acordo
Fontes ligadas ao setor de defesa afirmam que o Brasil pretende integrar empresas nacionais como Embraer Defesa, Akaer, Avibras e SIATT às futuras iniciativas de cooperação. A expectativa é que o novo MoU viabilize códigos compartilhados de software e integração de sensores, algo que o Brasil busca há anos para fortalecer sua autonomia estratégica.
Um ponto de destaque é o interesse da Coreia no KC-390 Millennium, o avião militar da Embraer que vem ganhando espaço no mercado internacional. O Ministério da Defesa de Seul avalia incluir a aeronave em futuras licitações de transporte tático, o que representaria um salto diplomático e comercial importante para o Brasil.
Enquanto isso, Seul pode oferecer ao país latino o know-how em radares AESA, sistemas de mísseis de defesa aérea e propulsão híbrida — tecnologias que se alinham com os objetivos do Programa Estratégico de Defesa Antiaérea (PEE DA Ae) do Exército Brasileiro.
Reação internacional e o papel do Brasil
A assinatura do acordo foi noticiada por portais especializados como o Korea JoongAng Daily e o Defense News, que destacaram o caráter estratégico da aproximação. Analistas sul-coreanos avaliam que o Brasil pode se tornar um ponto de apoio logístico e diplomático para Seul na América do Sul, reforçando sua influência em um continente que até então estava sob forte domínio dos EUA e da China no campo da defesa.
Para o Brasil, a cooperação representa oportunidade de modernização sem submissão política, algo raro em um cenário global cada vez mais polarizado. A iniciativa também pode impulsionar a indústria nacional, gerar empregos de alta qualificação e atrair investimentos tecnológicos — efeitos diretos que fortalecem a soberania militar e industrial do país.
Um novo eixo militar Brasil–Coreia
Com o avanço das tratativas, espera-se que a primeira missão técnica conjunta ocorra ainda em 2026, com foco em interoperabilidade de sistemas e treinamento de oficiais.
Se confirmado, o Brasil poderá integrar o seleto grupo de países que colaboram ativamente com a Coreia do Sul em defesa, junto de Reino Unido, Austrália, Polônia e Emirados Árabes.
Essa aproximação reforça o papel do Brasil como ator global emergente no setor militar, capaz de dialogar com diferentes blocos e projetar sua influência em escala internacional.
Fonte: sociedademilitar







































































