O CEO do grupo Air France-KLM, Benjamin Smith, anunciou que a Air France já se encontra em “modo de crise” enquanto enfrenta o que ele chamou de “território desconhecido”, resultante da política de tarifas instáveis da administração Trump.
Em entrevista à Bloomberg, o executivo canadense, que se tornou o primeiro CEO não francês do grupo franco-holandês em 2018, afirmou que a companhia aérea está percebendo um certo “deslizamento” na demanda em sua classe econômica transatlântica.
Smith detalhou que, embora esteja havendo uma estabilidade relativa nas cabines premium, a classe econômica está apresentando sinais de fraqueza.
“No setor transatlântico, estamos vendo uma estabilidade relativa nas cabines premium, mas uma leve suavização na classe econômica. Contudo, até agora, nada que justifique uma mudança em nossa capacidade”, explicou durante a entrevista que foi ao ar na quarta-feira.
Ao ser questionado sobre como as tarifas impostas pelo presidente Trump poderiam impactar seus negócios, Smith reconheceu que a indústria de viagens é uma das primeiras a ser atingida em tempos de recessão.
“Acredito que, após a COVID, o setor de viagens foi reposicionado como uma das prioridades para muitos consumidores. Mas, com a queda nos preços do combustível, estamos avaliando como esse período de incerteza poderá afetar nossos resultados financeiros. De forma relativa, já estamos em modo de crise”, comentou o executivo.
Apesar do alerta, ele afirmou que não há motivos para a Air France cortar capacidade em sua rede de rotas para a América do Norte. Caso seja necessário, a companhia poderá redirecionar a capacidade para a América Latina ou Ásia, assim como adiantar ou atrasar pedidos de aeronaves e implementar medidas de corte de custos.
Smith ressaltou, no entanto, que a Air France não possui planos de crescimento agressivos como alguns de seus concorrentes.
Ao seu favor, a companhia se beneficia da queda nos preços do petróleo, um dos maiores custos operacionais após os gastos com pessoal. No final do mês passado, a Virgin Atlantic foi a primeira companhia internacional a manifestar preocupações com a demanda em queda para viagens transatlânticas da América do Norte para a Europa, embora seu CFO, Oliver Byrns, não tenha fornecido números concretos sobre a extensão da desaceleração.
Antes, a Delta Air Lines, um dos principais investidores no setor, anunciou que estava “gerenciando ativamente custos e despesas de capital” após perceber um arrefecimento provocado pela “incerteza econômica generalizada”.
Apesar disso, a Delta notou que a demanda por serviços premium e internacionais permanecia saudável, mesmo com uma diminuição na demanda doméstica.
Para a Air France, Smith mencionou que a companhia está conseguindo preencher os assentos da classe econômica transatlântica, reduzindo preços, enquanto a demanda por cabines premium continua forte, especialmente entre os viajantes dos EUA, que ocupam até 50% da capacidade de suas cabines premium.