Criações com a cara de Brasília rendem prêmios a artesãos do DF em concurso

Além de promover a valorização dos trabalhos, competição busca ampliar a visibilidade dos profissionais locais

Com obras que unem identidade, memória e criatividade, artesãos do Distrito Federal foram os protagonistas da quarta edição do Prêmio Brasília de Artesanato e da terceira edição do Prêmio Brasília Manualistas, promovidas pela Secretaria de Turismo (Setur-DF) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF) e com o Banco de Brasília (BRB).

“Os nossos artesãos e manualistas são empreendedores que movimentam a economia, geram emprego e renda e ajudam a preservar a cultura e a tradição por meio do artesanato”

Cristiano Araújo, secretário de Turismo

“Essa parceria traz ganhos incalculáveis para a sociedade”, afirma o secretário de Turismo, Cristiano Araújo. “Os nossos artesãos e manualistas fazem do artesanato da capital um sucesso. Eles são empreendedores que movimentam a economia, geram emprego e renda e ajudam a preservar a cultura e a tradição por meio do artesanato.”

O secretário reforça o empenho da pasta em divulgar o artesanato de Brasília: “Oferecemos apoio aos artesãos do DF, que contam com um transporte dedicado ao envio de produtos e equipamentos para eventos. Além disso, temos duas lojas em grandes shoppings para comercializar as obras dos nossos artistas, uma no Pátio Brasil e outra no Alameda, em Taguatinga, e também na tradicional Feira do Guará”.

Diversidade cultural

Ludmila Magalhães e Mulheres que Correm com o Lobo-Guará: “Eu criei o desenho em um programa no computador, que me deu as peças para fazer as dobragens e colagens” | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Os prêmios buscam incentivar o fortalecimento do setor e promover a inclusão social por meio da valorização da diversidade cultural e do potencial criativo de Brasília. De 2010 até hoje, a Unidade de Promoção ao Artesanato e ao Trabalho Manual (Unart), da Setur-DF, já cadastrou aproximadamente 14 mil profissionais. Ano passado, foram mais de 90 eventos para incentivar a promoção do trabalho de mais de 900 artesãos.

R$ 80 mil

Total dos prêmios distribuídos entre os artesãos vencedores

“É muito importante que os profissionais mantenham seu cadastro de artesão junto à Setur, porque é por meio da carteirinha que a pessoa consegue participar de feiras e tem isenção de impostos”, lembra o chefe da Unart, Klever Antunes. “Para quem ainda não tem, basta procurar o Espaço Cultural do Turismo e Artesanato, na 507 Sul, com duas peças prontas, um vídeo fazendo esses itens, cópias de documentos pessoais e comprovante de residência.”

 A competição permitiu que os artesãos concorressem em categorias como Mestre Artesão, Artesão, Artesão Iniciante e Artesão Contemporâneo, com prêmios que somaram R$ 80 mil. Além de promover a valorização dos trabalhos, as premiações foram instituídas para ampliar a visibilidade dos profissionais locais, com reconhecimento em um catálogo digital e incentivo à renovação da Carteira Nacional do Artesão.

Entre os vencedores, Túlio Rois, Ludmila Magalhães e Gabiane Castro se destacaram mostrando ao público suas criações e as histórias que inspiram a arte manual brasiliense.

Chorona Candanga

O amor pelo choro e por Brasília foi o que inspirou o designer e artesão Túlio Rois, 34, em sua criação. Ele foi o vencedor na categoria Artesão Iniciante com a obra Chorona Candanga, uma escultura em papel machê que homenageia a música e a arquitetura da capital federal.

A peça traz elementos como o bandolim, a Torre de TV, a Ponte JK e o ipê-amarelo, símbolos de Brasília. Formado em design, Túlio encontrou no artesanato uma forma de resgatar suas raízes e paixão pela arte. Ele conta que o trabalho envolve um processo detalhista e inovador, representando a força feminina brasiliense.

“Eu quis trazer o elemento da mulher porque é uma temática muito forte atualmente, e elas estão crescendo em vários segmentos”, conta o artesão. “Aí pensei em misturar. A roupa tem a estampa da Catedral [Catedral Metropolitana de Brasília], e o cabelo tem uma flor de ipê. Os pés da cadeira onde a mulher está sentada são as pilastras do Palácio do Alvorada, e a base é o mapa do DF.”

Homenagem ao Guará

Kit Belezas do Cerrado, de Gabiane Castro: cores locais combinadas com bordados de ipê e uma bicicleta | Foto: Arquivo Pessoal

Já Ludmila Magalhães, 49, destacada como Artesã Contemporânea, encontrou no origami uma nova trajetória de vida. A peça premiada Mulheres que Correm com o Lobo-Guará passa uma mensagem de poder feminino. “Muita gente acha que o lobo que eu criei é uma impressão em 3D ou entalhada na madeira, mas na verdade é um paper craft”, explica. “Eu criei o desenho em um programa no computador, que me deu as peças para fazer as dobragens e colagens”.

A escolha do lobo-guará, conta ela, se deu por diferentes motivos: “Ele está presente no logo da identidade do concurso, e eu quis homenagear a cidade onde moro, que é o Guará. Além de tudo isso, o meu livro preferido é Mulheres que Correm com os Lobos. Então, foram várias inspirações para que eu chegasse a essa obra”.

A peça de Ludmila celebra autoestima e empoderamento. A artista iniciou sua jornada no artesanato em 2008, quando o origami, para ela, se tornou uma atividade terapêutica e transformadora. Ela deixou a carreira celetista para se dedicar integralmente ao trabalho manual, criando a marca LuTsuru, que reflete sua ligação com a cultura e espiritualidade oriental.

Belezas do Cerrado

Gabiane Castro, vencedora do Prêmio Manualista, é outra artesã de destaque na costura criativa.  Com o kit Belezas do Cerrado, a artista faz bolsas bordadas que retratam os ipês do Cerrado em  moldes próprios e matelassê.

“Eu me profissionalizei no artesanato em 2018, quando comecei na costura criativa, que é hoje a minha área de trabalho”, explica a manualista. “Eu faço necessaires, estojos, bolsas, kit maternidade e escolar.”

Com uma mochila e uma necessaire, o kit  Belezas do Cerrado apresenta elementos que remetem à vegetação do DF. A artista detalha: “Eu quis trazer para o concurso detalhes brasilienses para agregar mais valor. Eu trouxe cores que representam o Cerrado, bordei o ipê, que é nossa árvore mais majestosa, e uma bicicleta, em homenagem aos ciclistas da nossa cidade”.

Fonte: Agência Brasília

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