Começou, nesta quinta-feira (02.05), em Brasília, a segunda reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Turismo do G20 e a primeira no formato presencial. O encontro, liderado pelo Ministério do Turismo, terá a duração de dois dias e reúne representantes de 30 delegações. Na pauta, temas urgentes como a sustentabilidade no turismo e a adoção de um modelo de financiamento para projetos turísticos entre os países do bloco. Na ocasião, os participantes puderam assistir a uma apresentação dos povos indígenas Funi-ô e Alto Xingu.
A secretária executiva do MTur, Ana Carla Lopes, representando o ministro do Turismo, Celso Sabino, foi a responsável por dar as boas-vindas aos membros do Grupo e ressaltou o potencial do turismo na preservação ambiental, valorização das culturas e também na recuperação de destinos.
“Precisamos definitivamente acabar com a falsa dicotomia entre turismo e sustentabilidade. Eles podem e devem caminhar juntos, desde que seja feito de modo responsável”. Ana Carla destacou, ainda, que “o turismo é uma atividade econômica com forte viés social capaz de promover a inclusão econômica da nossa população, com poder de diminuir desigualdade sociais”, completou.
O encontro deverá promover uma avaliação de tudo que já foi discutido dentro do GT do Turismo no G20 em anos anteriores para, assim, apoiar e dar seguimento as ações estratégicas da cúpula. Entidades internacionais ligadas ao turismo também marcaram presença na reunião como a ONU Turismo, o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Durante o evento, o Brasil pôs à mesa discussões importantes para o futuro do turismo a nível global, como o financiamento internacional de projetos turísticos. A expectativa é de que ao aumentar o orçamento destinado ao setor, haja mais promoção e investimentos, beneficiando diretamente a economia dos países e produzindo um impacto social importante.
“Nosso papel, como líderes dessa reunião é unir os integrantes do G20 Turismo e sensibilizar os governos a terem um olhar especial para o setor, fazendo com que mais recursos sejam direcionados para ações de incentivo à indústria do turismo. Por isso, acredito que a geração de emprego e renda por meio do desenvolvimento do turismo será o grande legado da presidência do Brasil no G20”, afirmou o presidente do GT Turismo do G20 e chefe da Assessoria de Relações Internacionais do MTur, Heitor Kadri.
Segundo o Painel do G20 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os países do grupo representaram 74% das chegadas internacionais e 73% das exportações relacionadas ao turismo em 2022. No Brasil, o setor é o responsável pela movimentação de 8% do PIB do país e pela geração de 214 mil empregos diretos e indiretos.
A secretária Ana Carla Lopes aproveitou para incentivar gestores, governos e empresas a apostarem no turismo como atividade economicamente viável, geradora de emprego e renda.
“Não tenho dúvida de que a presidência brasileira deixará um legado para este grupo que tem total compreensão da importância da atividade turística para o desenvolvimento das nações ao redor do mundo”, finalizou.
DELIBERAÇÕES – No primeiro dia do encontro, os países membros do GT aprovaram uma ação inédita, proposta pela Comissão de Turismo do Brasil no G20, que visa traçar um panorama geral sobre assuntos como a capacitação de capital humano, economia criativa, empoderamento feminino e ações de desenvolvimento sustentável. Todas os pontos discutidos reforçam a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2030 e destacam políticas que são compartilhadas entre cada país do grupo. A partir destas discussões será possível avaliar os temas em que houve mais avanços e quais ainda precisam de andamento para saber as prioridades futuras, não apenas no G20 Brasil, mas para os próximos.
Além disso, a agenda avançou nas discussões a respeito do novo marco estatístico para medir a sustentabilidade dos destinos. “Temos a expectativa de que consigamos chegar em um consenso até a reunião de ministros que acontecerá em setembro, em Belém, no Pará, para que possamos efetivar esse apoio nesse marco estatístico de sustentabilidade para termos um padrão de medição que seja internacional”, destacou Heitor Kadri.
Ao final, a expectativa é de construção de um relatório das medidas adotadas por todos os integrantes do G20, envolvendo as dimensões econômica, social e ambiental no turismo.
AÇÕES BRASILEIRAS – O Ministério do Turismo já realiza diversas ações em prol do turismo sustentável, inclusivo e seguro. Para divulgar os projetos da Pasta e incentivar outros países a replicarem os modelos brasileiros foram apresentadas experiências brasileiras na busca por um turismo de valorização cultural e de identidade de povos originários e quilombolas, além de ações de promoção destinos inteligentes, proporcionando maior integração do turista com o destino.
Entre as ações apresentadas está o Projeto Experiências do Brasil Original que promove a inserção social, desenvolvimento econômico e a valorização dos recursos naturais e culturais em alguns territórios. Outro projeto é o “Brasil, essa é a nossa praia” que desenvolve ações voltadas para o aperfeiçoamento e gestão turística responsável do território nacional e a estratégia Destinos Turísticos Inteligentes (DTI) que amplia a competitividade do município, impactando na promoção e na captação de investimentos externos.
Por fim, foi apresentado o Projeto de Ordenamento das Atividades Turísticas no Ambiente Marinho, que servirá de base para a construção do planejamento especial marinho que é um compromisso que o Brasil assumiu com a ONU para, até 2030, mapear todas as atividades nos oceanos.
HISTÓRICO DO GT – A primeira reunião de ministros do Turismo do G20 ocorreu em 2010, convocada pelo governo sul-africano, quando era chamada de T20. No mesmo ano, sob a presidência sul-coreana, foi realizado o segundo encontro para discutir a contribuição do setor para o crescimento econômico e a criação de empregos.
AGENDA – O próximo encontro do grupo está agendado entre os dias 30 de junho e 1° de julho, no Rio de Janeiro (RJ), e entre os dias 19 e 21 de setembro, em Belém (PA). A reunião na capital paraense contará com a participação de ministros do Turismo de outros países membros. Ao longo da presidência do G20 pelo Brasil, haverá mais de 100 reuniões de grupos de trabalho e forças-tarefas até novembro deste ano, quando ocorrerá a cúpula presidencial, na capital fluminense.