A Airbus conseguiu circunavegar as sanções do ocidente contra a Rússia e voltará a importar titânio fabricado no país que invadiu a Ucrânia.
Desde o início da invasão russa, no início de 2022, todas as grandes fabricantes de aviões do mundo, incluindo a Airbus, Boeing, Bombardier e Embraer, deixaram de comprar titânio da Rússia, o qual é a maior fornecedora global do metal.
A brasileira Embraer, por exemplo, era 100% dependente da VSMPO, empresa russa que é a maior produtora de titânio do mundo e processa 30% do metal que o planeta consome atualmente.
Mas ao contrário da Embraer, que sempre afirmou estar “tranquila” com o seu estoque e fornecimento, a Airbus parece não ter tanto material de sobra, e solicitou ao governo canadense um salvo-conduto para comprar o metal da VSMPO sem ser punida por isso, visando abastecer a linha de produção do A220 em Mirabel, na província de Quebec.
Hoje a fabricante europeia confirmou à Reutersque “obteve a autorização necessária para garantir a segurança das operações da Airbus em cumprimento com as sanções aplicáveis”, sem dar detalhes de como as compras serão retomadas.
O governo do Canadá, por sua vez, não comentou o assunto. Hoje existe um grande atrito na aviação civil entre Ottawa e Moscou, e não pelo titânio usado na construção de aeronaves, mas sim por um Antonov An-124 da aérea russa Volga Dnepr, que estava no Aeroporto de Toronto quando a invasão russa começou em 24 de fevereiro de 2022.
Como parte das sanções, empresas aéreas da Rússia não podem operar no espaço aéreo da OTAN, e não foi possível retirar a aeronave de lá. Desde então, os russos têm tentado, por vias judiciais e diplomáticas, reaver o Antonov, sem sucesso, enquanto são cobrados pela tarifa de pátio do Aeroporto de Toronto.
A Ucrânia através da Antonov Airlines já requisitou a transferência do An-124 para a sua frota, como parte de um novo pacote de ajuda do Canadá para os ucranianos. Este impasse pode colocar a Rússia na posição de proibir a VSMPO de exportar titânio para a Airbus Canada, apesar de hoje a empresa russa estar escassa de clientes.