São Paulo – O Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa) terá um estande na 16ª edição do Salão Internacional de Agricultura no Marrocos (Siam) para apresentar ao público da feira a expertise do Brasil no agronegócio. Por outro lado, será oportunidade de prospectar negócios no evento, um dos maiores deste setor na África e que em 2023 recebeu 923 mil visitantes e 1.400 expositores de 70 países. A mostra será realizada na cidade de Meknès, no Norte do Marrocos, a cerca de 150 quilômetros da capital, Rabat. Na imagem acima, entrada do evento na edição do ano passado.
À ANBA, a adida Agrícola do Brasil em Rabat, Ellen Elizabeth Laurindo, diz que participar da mostra será novamente uma “oportunidade única de apresentar a pujança da agropecuária brasileira e promover e manter a imagem do Brasil como parceiro comercial confiável”.
Segundo Ellen, o Marrocos foi o quarto principal destino das exportações brasileiras para a África, com um total de US$ 1,23 bilhão em 2023, ano em que a corrente de comércio entre os dois países somou US$ 2,65 bilhões. Os cinco principais produtos exportados para o Marrocos correspondem a mais de 90% da pauta das exportações para o país árabe e, em 2023, foram açúcar bruto, milho em grão, pimenta preta seca (pimenta do reino), óleo de soja bruto e carne bovina congelada. Gado vivo em pé, café não torrado e soja em grãos também se destacam, segundo a adida.
No sentido contrário, os principais produtos importados pelo Brasil do Marrocos foram, segundo dados de 2023, complexos químico-industriais de fertilizantes e insumos de fertilizantes fosfatados, responsáveis por mais de US$ 1 bilhão nas importações, seguidos por sardinhas congeladas, com US$ 24,2 milhões.
Ellen afirma que há espaço para a ampliação dessa pauta exportadora e destaca, entre as oportunidades, produtos para alimentação de animais de companhia, os pets, um mercado que foi recentemente aberto pelo Marrocos para o Brasil. “É um mercado novo para o Brasil, com grande potencial de aceitação pelo público marroquino, pois a petfood brasileira é de qualidade e bastante competitiva em relação aos concorrentes europeus”, diz Ellen. “Outro setor importante é o de maquinário e tecnologia de irrigação, pois o Marrocos está tecnificando cada vez mais a sua agricultura e a escassez de água é um grande desafio”, afirma.
Ela afirma que o Brasil negocia com o Marrocos a abertura de mais mercados, e cita, entre eles, os de produtos lácteos, envoltórios naturais de bovinos, mel e produtos apícolas, couro e material genético bovino, e lembra que mercados relevantes já estão abertos. É o caso de carnes e derivados, bovinos vivos, produtos vegetais e pescados, entre outros. Mas, mesmo com essa abertura, há desafios. O país pratica tarifas de importação de 200% sobre carne bovina congelada e 100% para carne de frango in natura.
Ellen observa, ainda, que o Marrocos oferece diversas oportunidades às empresas brasileiras seja dentro de seu próprio mercado seja para quem deseja alcançar outros países. É uma nação estrategicamente localizada porque está perto da Europa e já dentro do continente africano. Tem promovido a abertura da sua economia desde os anos 90, mantém acordos de livre-comércio com mais de 50 países, entre eles a União Europeia e dispõe de “infraestrutura logística de primeiro mundo”, segundo Ellen.
Em associação à Siam está sendo organizada uma missão empresarial para o Marrocos, em parceria entre o Mapa e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A missão ocorrerá entre 22 e 25 de abril e terá em sua programação visitas técnicas a produções agrícolas na região de Meknès, o seminário Brasil Marrocos em Casablanca, cidade em que também haverá networking com empresas locais e visitas a um supermercado, visita à Siam e visita técnica ao Porto de Tanger.
O estande brasileiro na Siam ficará no polo internacional da mostra e prioriza espaço às empresas brasileiras que participarem da missão comercial. Inscrições para a missão podem ser feitas neste link