A 3º edição da exposição internacional Something Else, que ocorreu na Cidadela de Saladino, no Cairo, capital do Egito, contou com a participação de artistas brasileiros. A mostra aconteceu entre o final de novembro e a última semana e apresentou produções artísticas contemporâneas de artistas egípcios e de outros países em uma grande celebração global artística. Foram mais de 150 artistas presentes, representando 36 países.
Mônica Hirano foi a curadora da presença brasileira na exposição, além de ter orquestrado a participação de alguns europeus. Hirano disse que a exposição destaca o papel das artes em unir pessoas de diferentes nacionalidades e países, sendo uma forma de expressão e uma linguagem universal que conecta pessoas acima de todas as ideologias, independentemente de suas religiões, etnias e valores políticos. “Ela reúne todas as energias positivas do mundo e nos ajuda a reconsiderar nossas prioridades como seres humanos e como artistas”, afirmou.
Hirano, que é uma artista brasileira, contou que participou da edição anterior da exposição, em 2018, e que houve um grande avanço, tanto no que se refere à organização do evento em si, quanto no que diz respeito ao número de participantes. Ela afirmou que o estabelecimento da exposição na histórica Cidadela de Saladino, no coração do Cairo, tem um importante significado e retorno, pois permite que os artistas exibam suas obras diante de um público de mais de 20 mil visitantes diariamente.
Hirano disse ainda que a exposição é representativa do papel da arte como expressão da herança e da história dos povos, através de métodos de arte contemporânea, para enfrentar as tentativas dos países ocidentais de obliterar a identidade original de outros povos do mundo.
A artista afirma que a inteligência artificial expressa apenas a identidade da entrada de dados, não expressa a identidade original dos povos. Ela disse que o que se procura, através das várias formas de expressão artística da exposição Something Else na Cidadela, é expressar a identidade dos povos através da arte.
O grupo brasileiro com curadoria de Hirano na exposição foi formado por Vinicius Couto, Igi Lola Ayedun, Alberto Pereira e Silvana Mendes.
Hirano relata que cada um deles expressa a herança dos povos do seu jeito. Por exemplo, Alberto conhece as preferências culinárias dos consumidores de arte e visitantes de exposições de arte, e prepara um cardápio especial para os participantes, independentemente de suas raças e gêneros. Por outro lado, Silvana alimenta mecanismos musicais com a arte original dos povos, para confrontar a inteligência artificial, no lugar de deixá-la dominar e apagar a identidade dos povos, e inseriu a imagem de celebridades negras em pinturas conhecidas, utilizando técnicas de inteligência artificial.
Realizada pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito em parceria com a Darb 1718 e a empresa Qalaa Holdings, a exposição reforça a posição do Cairo como um centro cultural e artístico na região, que tem sido tradicionalmente o foco da atenção dos amantes da arte no Oriente Médio e no mundo ao longo das eras.
Traduzido do árabe por Georgette Merkhan.
As informações são da ANBA.