Por que vibramos quando o Brasil vai bem na Copa do Mundo?

Embaixador Qais Shqair.
Chefe da Missão da Liga Árabe no Brasil.
12/02/2022

O futebol brasileiro é o preferido pelos torcedores de futebol da maioria, se não de todos, os povos árabes. Desde a época de seu jogador mais famoso, Pelé, o Brasil está no topo da lista de favoritos árabes em geral.

Não há dúvida de que a supremacia do futebol brasileiro é reconhecida em todos os países do mundo, mas a capacidade técnica e a habilidade em campo não são as únicas razões para torcermos pelo Brasil. Isto porque, como estamos vendo agora na Copa, os jogos nos revelam cenários que vão além do esporte.

Nossos sentimentos em relação a um time ou a uma seleção muitas vezes se misturam com simpatia por ele, ou se opondo a ele por um motivo que nada tem a ver com esportes ou futebol. Muitas vezes torcemos para um time porque representa um país emergente no futebol. E o mesmo vale, no lado oposto, diante de um time que representa um país arrogante, que associamos a uma projeção de poder que vai além dos estádios de futebol.

Quantas vezes as pessoas se uniram contra uma seleção nacional de futebol por causa da posição de seu país em questões humanitárias? Ou uma posição racista? Quantas vezes nos lembramos, ao assistir a uma partida da Copa do Mundo, do papel desse estado em um conflito aqui, ou em uma guerra acolá?

Torcer pelo Brasil, por outro lado, evoca em nós a lembrança de nossa amizade histórica. O Brasil é um país pacífico como nós, nunca colonizou nenhum povo, mas foi colonizado e lutou por sua independência com vigor e energia.

O povo brasileiro mostra simpatia com outros povos, tem a alma cálida – tanto quanto o clima da bacia do Mediterrâneo -, e se amalgama a outras culturas e outros povos, como demonstra a proximidade com os árabes, apesar da distância. Talvez o melhor exemplo desse acercamento emocional seja o fluxo de nossos irmãos do Líbano, Síria, Palestina e países do Magrebe Árabe para o Brasil ao longo de décadas, cruzando oceanos para se estabelecerem como cidadãos empreendedores, dinâmicos e motivados.

Por isso, nos jogos, não estamos apenas vendo a bola ser passada entre jogadores diante de multidões de torcedores… a avaliação vai mais além disso: compartilhamos a alegria dos brasileiros, como se se tratasse de nossas seleções nacionais. Vibramos e nos emocionamos, como os brasileiros, quando Neymar ou Casemiro marca um gol contra o adversário. É como se fizéssemos parte de uma única seleção, um só coração! A alegria dos brasileiros é a nossa alegria e seguimos juntos nesta estrada da Copa rumo à estação final da vitória.

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