Entrevista com o Encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil

Entrevista exclusiva de Anatoliy Tkach a jornalista Fabiana Ceyhan no dia 15 de fevereiro de 2022

Nós sabemos que o presidente Bolsonaro está na Rússia, uma visita que já estava programada há bastante tempo, vocês tentaram evitar a visita?

Pensamos que uma visita a Ucrânia equilibraria essa visita para a Rússia.

Vocês tentaram algum contato com o governo brasileiro?

Expressamos nossas esperanças de que o presidente visite a Ucrânia e durante a reunião dos chefes de estado em outubro de 2019 e durante a conversa telefônica em novembro de 2020, o presidente Zelensky fez o convite para o presidente Bolsonaro realizar a visita para a Ucrânia. Os mandatários combinaram a realização de visitas, mas a pandemia dificultou um pouco as coisas, porem os contatos continuam de forma permanente.

Crise:

Como você acha que pode ser resolvido este conflito?

Temos uma crise com 127 mil soldados russos rodeando a Ucrânia e estamos trabalhando para uma desescalada da crise.

Estamos tentando de todas as formas de atingir uma solução pacífica, estamos fazendo consultas todos os dias e delegações de nossos parceiros chegam na Ucrânia diariamente, são delegações com autoridades de alto escalão de outros países, na tentativa de auxiliar essas consultas. Uma diplomacia ativa que leva os sinais e também dialoga com a Rússia. A União Europeia está nos apoiando, assim como os EUA, de forma sem precedentes.

A segunda direção é que estamos trabalhando para uma solução diplomática, mas entendemos que a situação pode piorar e estamos preparados para o que possa acontecer e para desanimar a Rússia também elaboramos um pacote de sanções.

A terceira direção seria uma cooperação técnica e militar que deve explicar alto custo de uma possível agravação. Ainda acreditamos numa solução diplomática

Você acredita que a solução do conflito seria a retirada das tropas?

Sim, a retirada das tropas.

Embora nosso país tenha implementado seus compromissos assumidos em Paris em 2019, a Rússia não implementou nenhum. A liderança russa deve demonstrar vontade política e cessar a prática destrutiva de minar as atividades do Grupo de Contato Trilateral sob vários pretextos. As decisões que estão muito atrasadas do lado russo incluem cessar-fogo permanente, retirada de forças e equipamentos, operacionalização dos pontos de passagem na linha de contato e libertação mútua de detidos. A normalização da situação de segurança e os avanços no Grupo de Contato Trilateral abrirão caminho para o desbloqueio de outras questões relativas à solução política do conflito.

Como é a ocupação da Criméia?

Para a desocupação da Criméia criamos em agosto do ano passado, a plataforma da Criméia que visa fazer esforços conjuntos para solução, queremos que a Rússia retire suas forças de nossos territórios, mas estamos comprometidos com a diplomacia.

A Criméia está ocupada há oito anos, como seria uma mudança agora?

Na Crimeia, pasportixação forçada transforma a população ucraniana em cidadãos russos, ou seja, os ucranianos tiveram que obter o passaporte russo para não perderem suas propriedades e garantirem os direitos a saúde e educação e serviços oferecidos pelo governo.

Qual é a situação nas regiões de Donetsk Lugansk na Ucrânia?

Há também uma tentativa de desestabilizar a região promovida pela Rússia, segundo as nossas fontes de inteligência.

Para a Região temos o grupo da Normadi e o Grupo de contato trilateral que é a Rússia a Ucrânia e a OSCE, esses grupos se reúnem para encontrar uma solução pacifica

Segundo fontes da inteligência dos EUA a Rússia está pronta pra atacar, você acredita que ainda há espaço para a solução pacifica?

Sim, estamos tentando uma solução diplomática com o apoio dos países que tem nos apoiados.

A Ucrânia está comprometida com a justiça, a paz e a segurança não apenas para si mesma, mas para toda a comunidade euro-atlântica. O futuro da arquitetura de segurança global está sendo decidido na Ucrânia, e a capacidade da coalizão dos estados democráticos de enfrentar as ameaças e desafios atuais na Ucrânia terá um impacto direto em seu próprio futuro.

 
 
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