A fronteira entre a República do Azerbaijão e a Armênia tornou-se o centro das atenções mundiais mais uma vez, quando a violência explodiu lá em meados de julho. Desta vez, ocorreram violentos confrontos na região estrategicamente importante de Tovuz, no Azerbaijão, localizada ao norte do país, longe de Nagorno-Karabakh, território azerbaijano ocupado pelos armênios, situado ao sul. O ataque militar armênio aconteceu na região onde infraestruturas importantes de energia e transporte do Azerbaijão estão em funcionamento, ameaçando, assim, o nosso suprimento de recursos energéticos. O conflito resultou em 12 mortes, incluindo 11 soldados e um civil azerbaijanos. Continua-se, assim, a agressão armênia o Azerbaijão, iniciado desde o colapso da União Soviética e que já deixou 20% das terras azerbaijanas sob ocupação armênia, levando a uma limpeza étnica em todo esse território.
O Azerbaijão respondeu fortemente à agressão Armênia e várias organizações internacionais e países condenaram esse ataque ocorrido em meio a uma pandemia. Perguntamos o motivo que levaria a Armênia, que já lidava com grandes problemas econômicos, a atacar seu vizinho. Toda a análise mostra que o governo armênio pretendia bloquear tentativas de resolver o conflito com o Azerbaijão para desviar a atenção do tumulto econômico e político interno. Outro objetivo está por trás dessa ação – criar pretexto para uma possível intervenção da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), da qual a Armênia é membro.
Além disso, o governo armênio enviou uma mensagem não oficial à comunidade da Armênia em todo o mundo, chamando de “nova guerra por novos territórios”. Por causa disso, nas últimas semanas, foram cometidas provocações armênias na França, Reino Unido, Suécia, Polônia, Austrália, Estados Unidos, Holanda, Bélgica e no Canadá. Nesses países, em edifícios das missões diplomáticas do Azerbaijão foram colocadas faixas com dizeres ofensivos ao apoio deles à nossa nação e contra manifestantes que expressaram pacificamente nesses países.
Infelizmente, o Brasil também não escapou desses ataques. Na madrugada de 24 de julho, os armênios publicaram slogans de ódio contra o Azerbaijão e a Turquia nas paredes e ruas do Consulado Geral da Turquia em São Paulo. Hoje, as mídias sociais estão cheias de massagens contra os azerbaijanos e turcos que moram no Brasil, tornando a situação ainda mais tensa. Acreditamos que esses crimes são inaceitáveis, pois no Brasil é onde as pessoas de diferentes origens, fé e raças vivem em paz há centenas de anos. Todos precisam saber a verdade sobre a agressão da Armênia e lembrar que o Brasil é um país de paz e harmonia, o qual devemos respeitar.
Hoje, o Azerbaijão e o Brasil matem fortes e amigáveis laços em várias áreas das relações bilaterais e multilaterais. Nos últimos anos, foram realizadas visitas de alto nível pelas autoridades parlamentares de ambos países, seguidas pela intensificação das relações políticas, econômicas, esportivas, culturais e muitas outras esferas. Há Grupos de Amizade interparlamentares no Senado e no Congresso, bem como no Parlamento do Azerbaijão- Milli Mejlis.
Desde a abertura em 2012, a Embaixada do Azerbaijão no Brasil, em cooperação com órgãos estaduais brasileiros, realizou vários projetos culturais e humanitários em diferentes estados do Brasil. No âmbito cultural foi realizado uma Exposição de Fotos de Tapetes do Azerbaijão em São Paulo e no âmbito humanitário foi doado cestas básicas a população carente e vulnerável da Distrito Federal e Minas Gerais por causa da pandemia do COVID-19.
Apesar do Azerbaijão ser um país de tamanho médio, e distante geograficamente do Brasil, ainda sofremos, nos últimos 30 anos, com a ocupação da Armênia de 20% de nosso território e como consequência dessa ocupação existe mais de um milhão de refugiados e pessoas deslocadas internamente.
Sempre nos comprometemos com os princípios da humanidade e uma das últimas provas disso é a doação de um milhão de dólares ao Líbano após uma terrível explosão que tirou a vida de centenas de pessoas e destruiu parte da cidade de Beirute.
Elkhan Polukhov é embaixador da República do Azerbaijão no Brasil