Coluna: Arado. Por Raul de Taunay

ARADO

A cada dia me descubro
Em alguém que desconheço:
Era falante, sou hoje calado,
Agora quieto, antes agitado,
Buscava encontrar o mundo,
No presente, dele me afasto,
Procurava incendiar a alma,
Atualmente, vou sossegado.
Não sou mais o que sonhei?
Não importa, estou vacinado.
Não vou ter o que esperei?
Pouco espero deste arado.
A vida é mesmo um achado!
Corria? Agora ando de frente.
Ansiava? Hoje alteio fulgente.
Os olhos fitos a te admirar,
A boca inteira para te beijar,
Um lume novo para exultar,
Que ainda caminho galante,
Relampeando versos ao ar,
E faço da vida um mirante,
Que me faz rir ou chorar,
Neste planeta inconstante,
Ondeio sem me fragmentar.:

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